Após denúncias, silêncio de Tramonte e Kalil é constrangedor

Especialistas ouvidos pelo O Fator, pela CNN Brasil, Rádio Itatiaia e pelo O Globo, indicam a possibilidade de ilícitos diversos
Kalil e Tramonte mudos sobre caixa dois
Mudos (Foto: Divulgação/PBH/ALMG)

Na segunda-feira, 16 de setembro, este O Fator trouxe, com exclusividade, a informação sobre uma ação judicial contra o PSD, de Belo Horizonte, referente à uma dívida de mais de 1.5 milhão de reais com uma empresa de comunicação de propriedade da ex-deputada federal, Manuela D’Ávila (PCdoB-RS).

De acordo com a ação a que o site teve acesso, a empresa gaúcha prestou serviços de comunicação para a campanha de Alexandre Kalil ao governo do estado, em 2022, sendo contratada, contudo, pela comissão provisória municipal do partido, que não apenas não pagou pelos serviços como não os declarou à Justiça.

O correto seria a contratação ter sido feita pela campanha de Kalil, e não pela legenda municipal. Ainda assim, caso o PSD-BH tivesse declarado o contrato e doado o valor relativo (1 milhão de reais) ou ao partido estadual ou diretamente à conta da campanha, menos pior. Mas nem isso. Simplesmente ocultou e não pagou.

Ilícitos diversos

O responsável, à época, era o presidente da comissão municipal, Adalclever Lopes, homem de confiança e aliado de Kalil. Adalclever permaneceu poucos meses no cargo e, segundo o advogado do PSD, Guilherme Fábregas, ele não poderia contratar a empresa isoladamente – o estatuto do partido obriga a mais de uma assinatura.

Fábregas também informou a O Fator que, tão logo a legenda seja citada, irá imediatamente oficiar o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, para que procedam com as devidas providências de ordem legal, pois considera o PSD-BH vítima de um possível crime a ser apurado e julgado pela Justiça.

Especialistas ouvidos pelo O Fator, pela CNN Brasil, Rádio Itatiaia e pelo O Globo, indicam a possibilidade de ilícitos diversos, tanto no âmbito cível como no criminal e eleitoral. Falsidade ideológica, caixa dois de campanha e abuso de poder econômico. Kalil, como beneficiário, e Lopes, como contratante, podem responder judicialmente.

Tramonte está vivo?

Leis, legislação e o devido processo legal à parte, é ensurdecedor o silêncio do deputado Mauro Tramonte (Republicanos), candidato à prefeitura de Belo Horizonte nas eleições municipais de outubro próximo. Tramonte anunciou, com pompa e circunstância, a aliança com Alexandre Kalil há algumas semanas.

E mais: Tramonte aceitou como coordenador de sua campanha, indicado por Kalil, o mesmo Adalclever. Ou seja, a dupla está novamente unida em uma campanha eleitoral. Os indícios de caixa dois, referentes ao contrato assinado com Manuela, saltam aos olhos mais leigos, quiçá de um político experiente como Tramonte.

Esperar manifestação pública de Kalil sobre o assunto é quase como acreditar em Papai Noel. E ainda que se manifeste, como sempre, dirá que se trata de factoide, perseguição política, coisa de “blogueirozinho pau-mandado” etc. Não abordará o assunto e dará o caso por encerrado, na base do berro e da ameaça.

Alô, eleitores de BH

Tramonte parece ser um cara honesto, ainda que um político medíocre, que conseguiu perder 80% de seu eleitorado em um intervalo de apenas quatro anos. Foi eleito deputado, em 2018, com mais de 500 mil votos, e reeleito, em 2022, com pouco mais de 100 mil votos. Ou seja, bom trabalho é que não deve ter feito.

A frase “à mulher de César não basta ser honesta; tem de parecer honesta”, cai como luva. Se Tramonte pretende ser o candidato dos conservadores, evangélicos e “cidadãos de bem”, precisa, além de ser honesto, parecer honesto. E manter Kalil e Adalclever na alta cúpula de campanha, convenhamos, não é o melhor caminho.

Repito: o silêncio de Mauro Tramonte é ensurdecedor, como “ensurdecedora” são as vistas grossas de quem jura defender as leis, mas a despeito de toda repercussão, se mantém calado. Este O Fator, sempre atento e independente, continuará a eterna vigilância dos poderes, pois a garantia da inegociável liberdade que tanto prezamos.

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