Cada país tem um terremoto para chamar de seu, e o Brasil possui vários. Uma antiga piada dizia que Deus, ao poupar o País de catástrofes naturais, prometia: “espere para ver os políticos que irei colocar por lá”. Palavra dada, palavra cumprida. Banânia, muito mais que o paraíso da criminalidade, é o paraíso da impunidade.
Mas o Brasil não está só, é fato, e a FIFA, longe de ser uma vestal no cabaré; ao contrário. Pródiga em escândalos e casos de corrupção, inclusive com mandatários presos e perseguidos pela Interpol, a entidade máxima do futebol vive às voltas com suspeitas de subornos e outras práticas criminosas.
Por isso, não deixa de ser preocupante a visita que seus dirigentes farão ao Brasil, no próximo dia 8 de janeiro, a fim de entender o afastamento do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, a intervenção da Justiça comum na entidade e até mesmo a possível nova eleição para a Presidência da Casa.
Sim, porque se fosse uma organização com altíssimo grau de governança corporativa e compliance, maravilha, mas não é o caso, conforme já dito acima. O grande receio de quem quer uma faxina na CBF, é ver a FIFA anular o afastamento de Ednaldo e proibir nova eleição, mantendo tudo como estava.
LISTA INTERMINÁVEL
A quantidade de atos suspeitos, praticados pelo ex-presidente, é impressionante, e vai desde “doping financeiro” aos clubes do nordeste, que permitiu que subissem à Primeira Divisão, a pagamento de viagens de luxo a aliados e familiares, passando por uma espécie de mesada à esposa de um dirigente regional.
Poucas coisas são tão sérias para a FIFA quanto estes dois “crimes esportivos” (em tese). A suspeita é de repasses financeiros a três clubes da Série B, na reta final do campeonato brasileiro, e a contratação de serviços, pela CBF, de um presidente de federação, porém, dissimulado em um contrato com a esposa do mesmo.
Todos os casos foram noticiados à fartura pela imprensa nacional. Os clubes supostamente envolvidos (Vitória, Juventude, Atlético Goianiense e Sport) podem ser punidos, bem como a federação (pernambucana) sofrer intervenção. Daí o risco de um grande movimento pela impunidade geral, ampla e irrestrita entrar em ação.
Se for confirmada nova eleição na CBF, a disputa se dará, possivelmente, entre Flávio Zveiter, uma espécie de aliado de Ednaldo, e Reinaldo Bastos, presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), como opositor ao “status quo”. Ambos precisam do apoio de ao menos oito federações e cinco clubes, conforme o estatuto da entidade.