Por uma nefasta ironia do destino, no dia em que a Justiça brasileira finalmente ratificou a sentença italiana de 9 anos de prisão para o ex-jogador Robinho por estupro de uma jovem na Itália, a Justiça espanhola estabeleceu o pagamento de uma fiança de 1 milhão de euros para libertar, provisoriamente, outro ex-jogador e estuprador, Daniel Alves.
A Espanha foi célere na apuração, julgamento e prisão do brasileiro, mas peca ao aceitar um punhado de euros pela liberdade momentânea (haverá ainda a decisão final) de alguém que não a merece, lembrando ao mundo que, se dinheiro não traz felicidade, ao menos compra muita coisa. Dani Alves já teve a pena diminuída por ter pagado 150 mil euros.
A Itália também fez seu dever de casa em prol da justiça há muitos anos, restando ao Brasil a infâmia por – mais uma vez!! – mostrar ao mundo que é de fato uma espécie de república bananeira, um pouco mais evoluída: Robinho se aboletou no País para escapar da prisão e logrou êxito por longos 11 anos (desde o crime) até a decisão de ontem do STJ.
DOR ETERNA
Punições e/ou impunidade à parte, enquanto um entra e o outro sai da prisão, aprisionadas em traumas e memórias que insistem em não desaparecer estão as jovens estupradas. A dor de uma violência dessas lembra a de uma ferida em carne-viva, que nunca cicatriza e dói a cada segundo, a cada mínimo contato. E não há dinheiro que cure a dor d’alma.
A categoria de crimes hediondos não é muito extensa e, certamente, o estupro ocupa as primeiras posições em repugnância. Particularmente, não me conformo que o sofrimento das vítimas seja eterno enquanto os estupradores gozem de passageiro mal estar. E não! Errar, neste caso, não é humano, não merece perdão ou muito menos segunda chance.
Minha vida sempre foi cercada e orientada por mulheres. Houve um momento recente em que morava com mãe (e cuidadoras), esposa, filha, sobrinha, funcionárias… Sem falar em sogra, 4 cunhadas e mulher do meu pai, unindo-se a nós com bastante frequência. Para muito além de respeito e amor, sempre tive por todas o olhar empático que merecem.
ENCERRO
Mulheres nascem e crescem sob o signo do “sexo frágil”, mas passam a vida como pilares de machões incapazes de suportar uma dor de barriga sem uma mão para segurar. Cuidam de filhos, maridos, pais, avós, netos, sobrinhos e abdicam, na maioria absoluta das vezes, de cuidar de si mesmas, dividindo tamanho fardo com o trabalho externo e doméstico.
Um estuprador não merece perdão judicial ou social, pois além do dano físico e emocional que causa, fere, trinca a viga-mestra do próprio ser humano. Uma rachadura n’alma de qualquer mulher abala toda a humanidade. Gente como Robinho e Dani Alves – e seus milhões de euros – deveria viver na selva, ao lado de animais primitivos.
Tenho uma filha com 18 anos, e sua cólica menstrual me fere como um soco de Mike Tyson no queixo. Não suporto pensar em algo assim (um estupro) acontecendo com ela. Que diabo de gente é capaz de olhar para uma mulher e violentá-la como se ali não estivesse a filha de alguém? Deus me perdoe pelo que penso e desejo a um estuprador.