Dois erros não fazem nem nunca fizeram um acerto. Não entendo por que diabos tanta gente capaz – e capacitada – insiste em misturar alhos e bugalhos, e só piora o que já é bastante ruim.
Que fique claro: para mim, invasão de propriedade, pública ou privada, é crime, e como tal deve ser tratada. Não tem essa de “função social da terra” na base do tiro, porrada e bomba – ou foice e pedras.
CHICO BENTO
Ao condenar o ato criminoso do MST em uma fazenda em Lagoa Santa, o governador de Minas, Romeu Zema, acertou no tom e na forma, mas errou no conteúdo. Explico o porquê.
Zema fez parecer que a decisão judicial que negou o pedido de reintegração de posse se deu por questões meramente interpretativas, especificamente se os requerentes eram, ou não, produtores locais.
LEI PARA TODOS
Mas isso não é fato, já que o juiz alegou que faltam documentos que comprovem a propriedade da fazenda, necessários ao pedido de reintegração. Além disso, argumentou que não há provas da posse. Estaria mentindo? Não creio.
Porém, um aparte neste ponto: gostaria que o mesmo rigor legal, por parte do juízo, fosse destinado aos invasores, afinal, que eu saiba, invasão de propriedade privada é crime. Ser legalista apenas para “um lado” não me parece justo.
AÍ, NÃO, VIOLÃO
Quem também acertou “uma no cravo e outra, na ferradura”, foi o conselheiro do TCEMG (Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais), o ex-deputado estadual pelo PT, Durval Ângelo, ao se meter no assunto.
Em áudio enviado a líderes do movimento invasor – me pergunto se isso é função de um conselheiro de Tribunal, já que parlamentar não é mais -, o petista informa que adotará providências para averiguar a presença da Polícia Militar no local.
JUSTIÇA
Ordem judicial, como sabemos, se cumpre. Se houve decisão contrária à reintegração de posse, é legítimo o interesse do conselheiro a respeito do envio das tropas, por parte do governador, ao local da invasão.
Porém, não é apropriado enviar mensagem aos invasores. Além do mais, a PM está – ao menos até o momento – tão e somente cuidando da segurança do local, evitando, inclusive, uma possível violência entre invadidos e invasores.
MST E AFINS
O Brasil é o paraíso do corporativismo. Creio sinceramente que um dos nossos maiores problemas seja justamente a organização de boa parte da sociedade, principalmente de quem manda, em corporações.
Quando cada grupo cuida do seu, sem olhar o todo, o País organiza-se em castas de privilégios, às custas dos não organizados, leia-se, os mais pobres. O Movimento dos Sem Terra é mais um destes grupos que tão mal fazem ao Brasil.
É CRIME, SIM
Roubar terra alheia ou roubar um carro, para mim, é crime. Como crime, ainda mais severo, é roubar o Estado, seja à mão-armada por um revólver ou uma caneta. E quem apoia invasor, financiando ou estimulando, é cúmplice.
O Estado possui uma penca de órgãos que cuidam do tema “Reforma Agrária”, e se aceitarmos que gafanhotos saltem de propriedade em propriedade, pilhando o que não lhes é de direito, é melhor extinguir tais órgãos e economizar o dinheiro.
LUCROS INCESSANTES
Não é raro um invasor, após ser declarado dono da propriedade, vender o local – o que é mais um crime – e buscar outro para tomar na mão grande. Como não são raros os “líderes” que vivem disso, há décadas, como se fosse uma profissão.
Muita gente ganha dinheiro, há muito tempo, com invasão de terras. Inclusive, em região urbana, haja vista a “alma gêmea” do MST, o MTST, de Guilherme Boulos, um dos favoritos à Prefeitura de São Paulo – meu Deus!
ENCERRO
Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, as invasões de terras foram reduzidas e o MST passou a se organizar em torno – é verdade! – de ações legais, como a produção de arroz orgânico, por exemplo.
Com a volta de Lula e o financiamento farto, infelizmente, iniciou-se outro ciclo de criminalidade. É uma pena. Faria muito bem aos verdadeiros “sem terra” deixarem de ser massa de manobra de pilantras e tornarem-se produtores rurais.