A constrangedora busca de Viana por um partido

O senador e a “candidatura de um homem só”, que não consegue legenda para a corrida pela PBH
Senador Carlos Viana busca partido para concorrer à Prefeitura de Belo Horizonte
Por ora, abandonado à própria sorte (Foto: Roque de Sá/Agência) Senado

Um outrora consagrado jornalista de Minas Gerais, homem de opiniões fortes, críticas e coerentes sobre política e Poder público, ao migrar da posição de pedra para vidraça, Carlos Viana, senador eleito em 2018 pelo PHS mineiro, segue em trajetória francamente decrescente na carreira de congressista. 

Político instável e de pouca fidelidade partidária, já que trocou de legenda quatro vezes em apenas cinco anos, tenta, sem sucesso até o momento, emplacar sua candidatura à prefeitura de BH pelo partido Republicanos, o que ensejaria mais uma troca (atualmente, está no Podemos).

OPORTUNISMO NA VEIA

Como senador, Viana não cumpriu as promessas de verbas federais para o metrô de Belo Horizonte e a duplicação da BR 381, conhecida como rodovia da morte. Aliás, com apenas metade  do mandato, desprezou a confiança de seus eleitores para se aventurar em uma candidatura (ao governo de estado) sabidamente despropositada, com vias a alavancar a campanha do próprio filho, Samuel Viana, eleito deputado federal com 62 mil votos. 

Tal candidatura, inclusive, se tornou humilhante para o senador, pois o presidente Bolsonaro, à época, o desprezou sem dó nem piedade e apoiou abertamente a reeleição de Romeu Zema, mesmo Viana sendo do mesmo partido que o seu (PL). Não à toa, aliás, os “minguados” 780 mil votos em seu favor, após mais de 3.5 milhões de votos registrados quatro anos antes. 

NINGUÉM ME AMA, NINGUÉM ME QUER

O consagrado escritor gaúcho Moacyr Scliar (1937-2011) foi autor da brilhante obra ‘Exército de um Homem Só”, traduzida para mais de dez idiomas mundo afora. Uma música de que gosto muito, da (também gaúcha) banda Engenheiros do Hawaii, cita o mesmo Exército. Neste sentido – e só neste, nada tendo a ver com o personagem da obra, Mayer Guinzburg, um judeu imigrante da Rússia -, Viana pode ser comparado à candidatura de um homem só, pois não consegue nem sequer um partido para abrigar sua corrida pela PBH. 

Tentativas, aliás, não faltaram. Mas de todas as legendas procuradas, Viana ouviu sonoros “não”. As exigências feitas não encontraram respaldo na realidade eleitoral do senador, sejam de ordem financeira (estaria, segundo rumores, pedindo aporte de 35 milhões de reais aos partidos) ou mesmo de autonomia partidária (quer Poder ilimitado).

TIC-TAC. ENCERRO POR AQUI

O prazo para filiação se avizinha, bem como para a definição dos partidos. Postas já estão as candidaturas de Fuad Noman (PSD), Bruno Engler (PL), Rogério Correia (PT), Luísa Barreto (Novo) e Gabriel Azevedo (MDB). Assim, se não calçar as sandálias da humildade e baixar a pedida – ou pedidas -, Viana corre sério risco de novo fracasso pessoal. 

Mas tudo bem. Como sussurrou Blaine (Humphrey Bogart, 1899-1957) para Lund (Ingrid Bergman, 1915-1982) na cena final de Casablanca, filme histórico de 1942: “sempre teremos Paris “. Ainda que, no caso de Viana, Paris seja Brasília – ao menos até o final de 2026. Cá entre nós: ruim não é.

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