São conhecidos, pois divulgados pela imprensa à época, os relatórios de duas gigantes mundiais de auditoria e investigação corporativa, que desnudaram esquemas de favorecimento pessoal e familiar, e de uso de dinheiro do Clube Atlético Mineiro em proveito pessoal de dirigentes durante a administração de Alexandre Kalil.
São igualmente conhecidas, pois declaradas por uma investigada à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Abuso de Poder, ocorrida em 2023 na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), as despesas pagas por uma prestadora de serviços do Galo – e da Prefeitura de Belo Horizonte – de viagens particulares do mesmo Alexandre Kalil.
São públicas as denúncias feitas por Rubens Menin, sócio majoritário da SAF atleticana, de que Alexandre Kalil, como presidente do Atlético, promoveu um “trem da alegria” para que amigos e parentes viajassem ao Marrocos, em 2013, para assistir ao Mundial de Clubes da FIFA com tudo pago pelo Galo, às custas de empréstimos caríssimos.
Condenação, dívidas e indícios de caixa dois
É fato inequívoco a condenação de Alexandre Kalil pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por uso de recursos sem origem em sua campanha à Prefeitura de Belo Horizonte, em 2016, a devolver mais de dois milhões de reais – valores sem correção monetária e juros – aos cofres públicos, confirmando decisão anterior proferida pela Justiça eleitoral mineira.
É sabido por todos que este Alexandre Kalil exerceu o cargo de prefeito da cidade, mesmo tendo impostos não pagos, bem como deve milhões de reais em execuções trabalhistas e fiscais, que também não quitou, ainda que more luxuosamente, se locomova em veículos importados e frequente hotéis e restaurantes caríssimos no Brasil e no exterior.
Recentemente, como publicou com exclusividade O Fator, e depois a Rádio Itatiaia, a CNN, O Antagonista e O Globo, a campanha de Alexandre Kalil ao governo de Minas, em 2022, contratou serviços de comunicação através do PSD local, não pagou e ocultou o contrato da Justiça Eleitoral, o que configura, em tese, caixa dois de campanha, segundo advogados especialistas.
Prejuízos no partido e no Atlético
Também noticiado pelo O Fator e outros veículos da imprensa local, um ex-funcionário do Atlético, contratado por Alexandre Kalil, foi preso suspeito de estelionato em Belo Horizonte. Tal funcionário era o responsável pela bilhetagem – venda de ingressos do Clube -, objeto de apontamentos diversos nos relatórios das empresas de auditoria citados acima.
Outro fato ruidoso e amplamente noticiado são os mais de 60 mil reais mensais que Kalil gastava com funcionários próprios, custeados pelo PSD mineiro, partido que deixou para se tornar um dos coordenadores da campanha do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) à Prefeitura de Belo Horizonte. Ao seu lado, Adalclever Lopes, o responsável pela assinatura do contrato citado acima.
A mais nova história policial, envolvendo o ex-presidente do Galo e ex-prefeito de Belo Horizonte, é a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra Carlos Fabel, homem de confiança de Kalil no Galo, que, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), pode ter se beneficiado, em valores atuais, de mais de 20 milhões de reais dos cofres alvinegros.
E aí, Mauro Tramonte?
Chega a ser espantoso, mas não surpreendente, dados os critérios de qualidade, ou seja, nenhum, dos eleitores brasileiros, que Kalil participe ativamente da campanha eleitoral de um dos favoritos a assumir a prefeitura da cidade em 2024. Mauro Tramonte deveria, no mínimo, se sentir constrangido com tão invulgar presença. À mulher de César não basta ser honesta!
Kalil não nega que pretende se candidatar ou para governador ou para senador em 2026. Se dependesse de mim não seria eleito, mas não mando nem influencio o eleitor, apenas levo a este as informações verídicas e públicas, conforme todos os links acima, sobre Alexandre Kalil e seus inúmeros enroscos judiciais. Para quem se diz perseguido e caluniado, provas são o que não faltam.
Uma faixa (acima) estendida pela torcida do Galo no jogo de ontem, quarta-feira (2), contra o Vasco, na Arena MRV, me trouxe um certo alento ainda que sem muita esperança. Se a torcida alvinegra fizer sua parte, nem Kalil nem os políticos ligados a ele serão eleitos, e assim – quem sabe? – nós, contribuintes e torcedores do Atlético, ficamos livres de mais prejuízo e desgosto.