Viagem de Lula faz mineradoras tentarem adiantar assinatura da repactuação de Mariana

Empresas temem que ida do presidente possa atrasar burocracia
Bento Rodrigues, distrito de Mariana, foi um dos mais atingidos com a lama de rejeitos da barragem do Fundão
O rompimento da barragem de Fundão, em 2015, deixou 19 mortos e dano ambiental ainda incalculável. Foto: Agência Brasil

As mineradoras Vale, BHP Billiton e Samarco agora querem adiantar a assinatura da repactuação do acordo de Mariana para uma data anterior a 29 de outubro. Pelo que O Fator apurou, a nova pressa das empresas se dá por dois motivos.

O primeiro, é que Lula fará uma viagem para a Rússia no dia 22 de outubro, retornando ao Brasil no dia 27. A ida para a Europa geraria um atraso burocrático tanto na aprovação do texto final quanto na preparação das cerimônias para a assinatura.

O segundo motivo é o início do julgamento na Justiça de Londres de uma ação que pede indenização de mais de R$ 47,6 bilhões à BHP Billiton, em nome de atingidos pela ruptura da barragem.

Esse julgamento já teve início formal, mas deve começar a avançar, de fato, já na próxima semana com o início de audiências.

As negociações pela repactuação já duram anos e, por várias vezes, estiveram próximas a um acordo. Dessa vez, a questão parece sem volta, mas a data especulada para a assinatura já mudou várias vezes. Inicialmente, queriam em 6 de setembro. Depois, após o primeiro turno das eleições, 7 de outubro. Agora, uma nova previsão para o final de outubro. O novo esforço das mineradoras pode alterar isso mais uma vez.

Em agosto, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, chegou a revelar a terceiros que defendeu a Lula (PT) que a assinatura da repactuação não passasse de outubro “de jeito nenhum”.

A propósito, apesar de estar reta final por um acordo, o texto da repactuação ainda não está 100% “fechado”, mas faltariam poucos detalhes para sua conclusão, “pequenas ajustes em alguns temas, mas sem nenhuma grande discussão”.

No mês passado, Zema e outros membros do governo mineiro se reuniram com representantes da mineradora Samarco para discutir questões do pós-repactuação.

O texto final está sendo redigido por representantes da União, Minas, Espírito Santo e MP’s, e com as empresas Vale, Samarco e BHP Billiton.

A repactuação deve girar em torno dos R$ 137 bilhões, sendo destes R$ 37 bilhões alegadamente já gastos pela Fundação Renova.

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