Engler x Fuad: quem está realmente ganhando nas redes sociais?

Redes Fuad Engler
Instagram/@fuad_noman+@brunoenglerdm

A dez dias das eleições em segundo turno para prefeito de Belo Horizonte, não deixa de ser um desafio a análise da performance nas redes sociais dos candidatos em disputa e sua provável influência no resultado final do pleito – especialmente se considerarmos que estamos em plena consolidação do uso desta ferramenta na política brasileira.

Pode até parecer simples pelos dados primários, afinal, o candidato do PL, Bruno Engler, acumula 537.478 seguidores no Instagram, com 964.344 interações durante o período de agosto a outubro. Já Fuad Noman – que se tornou prefeito há apenas dois anos, com a renúncia de Alexandre Kalil para concorrer ao governo mineiro – conta com uma base muito menor de 22.438 seguidores e registrou 114.857 interações. Além disso, Engler adicionou 16.189 novos seguidores, enquanto Fuad conquistou 4.554 no mesmo período.

Sem dúvida, essas métricas são importantes e consideráveis, mas não explicam tudo. Por exemplo: muitos artifícios, como a compra de seguidores, ainda são usados, além do fator principal e incontestável da influência do espectro político – onde a chamada direita e extrema-direita adotou uma eficiente cartilha digital a partir da eleição americana de Donald Trump em 2016, replicada por Bolsonaro no Brasil em 2018, e que segue produzindo ‘fenômenos’ como Pablo Marçal em 2024.

Isso tudo requer uma extensão na análise sem, contudo, tornar este artigo longo, cansativo ou incompreensível para grande parte do público.

Considerando o universo dos eleitores de BH sabemos que a maioria é formada por mulheres, com 54%, predominantemente de pessoas pardas, entre 35 e 44 anos, e ensino fundamental completo. Vale ressaltar que na capital mineira a população idosa, com 60 anos ou mais, é muito significativa e ativa eleitoralmente – e mesmo na faixa de voto facultativo sua participação é bastante superior aos jovens de 16 e 17 anos.

Em uma análise específica do conteúdo trabalhado pelos candidatos chegamos a outras respostas curiosas.

Enquanto Bruno Engler segue a referida ‘cartilha’ na sua estratégia digital e usa o apoio de figuras nacionais como Jair Bolsonaro e Nikolas Ferreira para impulsionar o seu engajamento, ele pode ter, exatamente aí, na nacionalização do apelo, sua principal fraqueza ao afastar eleitores com o foco em questões locais – que sempre representou a maior parcela do interesse nas eleições municipais.

Fuad Noman, por outro lado, em toada mineira de continuidade e estabilidade, traz o foco na força do conhecimento sobre o município e na sua experiência como prefeito. E sua fraqueza estaria na menor mobilização digital – o que pode dificultar sua comunicação com eleitores jovens.

Na mídia paga, as estratégias também diferem. Engler investiu R$ 2,38 milhões em anúncios, enquanto Fuad foi mais comedido, gastando R$ 768 mil. Engler claramente busca maximizar sua visibilidade, apostando em grandes volumes de impressões e uma narrativa de confronto e mudança. Já Fuad tem focado em mensagens específicas e uma comunicação mais direta, destacando realizações de sua gestão e utilizando a mídia paga de forma mais cirúrgica, especialmente em momentos chave da campanha.

A diferença central entre as campanhas está na abordagem de comunicação. Engler nacionalizou sua campanha, falando para um público mais amplo e se apoiando em temas como segurança e conservadorismo, que ecoam além de Belo Horizonte.

Já Fuad aposta em uma comunicação direta com os eleitores da capital, focando em saúde, educação e infraestrutura. Enquanto Engler tem a vantagem de engajar uma base nacional, Fuad tem conquistado os corações dos eleitores que buscam soluções práticas para os problemas da cidade.

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