Em 2023, os acidentes nas rodovias federais brasileiras resultaram em 5.621 mortes e geraram um custo estimado de R$ 22,3 bilhões aos cofres públicos, segundo estudo detalhado realizado pela Houer Concessões em parceria com a a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). O documento, que analisa a infraestrutura rodoviária nacional, revela uma situação crítica: apenas 28,9% da malha rodoviária federal sob gestão pública apresenta condições adequadas.
O estudo aponta que seriam necessários R$ 94,12 bilhões para recuperar as rodovias brasileiras com ações emergenciais e de manutenção. No entanto, em 2023, o governo federal autorizou apenas R$ 15,01 bilhões para infraestrutura rodoviária, dos quais somente R$ 9,05 bilhões foram efetivamente investidos até setembro.
“A falta de investimentos adequados nas rodovias federais brasileiras tem consequências graves para a economia e segurança do país”, destaca o documento, que relaciona a deterioração da infraestrutura ao aumento dos custos de transporte e riscos de acidentes.
Impacto econômico e ambiental
Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), citada no estudo, as condições precárias das rodovias federais elevam o custo operacional do transporte em 30,7%. Em 2023, isso resultou em um desperdício de 499,9 milhões de litros de combustível e um prejuízo financeiro de R$ 3,3 bilhões.
O impacto ambiental também é significativo. As más condições das estradas foram responsáveis pela emissão desnecessária de 1,32 milhão de toneladas de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Minas Gerais lidera estatísticas
Minas Gerais, que possui a maior malha rodoviária federal do país com 8.432,81 km (11% do total nacional), registrou os piores números em 2023. Foram 9.000 acidentes com 727 óbitos, liderando as estatísticas nacionais.
A BR-381, importante corredor logístico mineiro, concentrou 30% dos acidentes e 24% das mortes no estado. “A rodovia foi responsável pelo maior número de acidentes e mortes na rede federal do estado”, aponta o estudo.
Concessões como alternativa
O documento apresenta as concessões rodoviárias como uma possível solução para melhorar a infraestrutura. Trechos concedidos, como parte da BR-381 administrada pela Autopista Fernão Dias, “beneficiam-se de investimentos contínuos e manutenção regular realizada pela concessionária”, enquanto rodovias não concedidas “sofrem com a escassez de recursos, resultando em manutenção irregular e infraestrutura precária”.
Em agosto de 2024, um novo trecho da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, foi concedido à Concessionária 4UM, representando mais um passo na busca por melhorias na infraestrutura rodoviária nacional.
O estudo conclui que a complexidade da gestão rodoviária no Brasil demanda uma reavaliação urgente das políticas públicas e do planejamento financeiro para mitigar os altos custos sociais, ambientais e econômicos resultantes de uma infraestrutura inadequada.