“A Má Notícia”, de Belmiro de Almeida, é uma obra que transcende seu tempo, carregando as emoções do fim do século XIX em Minas Gerais. Pintada em 1897, é um óleo sobre tela de dimensões impressionantes (213 x 216 cm), que hoje repousa na Sala das Sessões do Museu Mineiro. Neste quadro, uma jovem se debruça, em lágrimas, sobre uma cadeira; ao chão, um bilhete revelador de tudo. A interpretação mais comum vê na cena o luto pela transição da capital de Ouro Preto para Belo Horizonte, que naquele momento ainda carregava o peso da incerteza. No entanto, como a própria história mineira, a obra também simboliza o renascimento, a dualidade entre passado e futuro, entre luto e esperança.
A cidade de Belo Horizonte, planejada para ser a primeira capital republicana do país, surge como uma manifestação positivista, concebida não apenas como uma resposta funcional, mas como um símbolo de um novo Brasil. O nome “Belo Horizonte” reflete um sonho: um olhar para a beleza natural das montanhas e a promessa de um futuro próspero. A Cordilheira do Espinhaço, que abraça Minas Gerais, se faz presente em sua geografia e em sua essência. A cidade nasce integrada ao vasto interior mineiro, sintetizando a cultura, a diversidade e a paisagem de todo o estado.
Na colina mais alta, o Cruzeiro reafirma a fé que estrutura a identidade mineira. Em outra, a Praça da Liberdade simboliza o poder republicano e a cultura que pulsa no coração da cidade. E, na planura, próxima aos rios e parques, a Prefeitura reflete a administração e a proximidade com a vida cotidiana. Essa tríade de fé, poder e cotidiano entrelaça passado e presente, barroco e moderno, o interior e a capital.
Belo Horizonte é também reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Mundial pelo Conjunto Moderno da Pampulha, um marco central do modernismo brasileiro. Projetada por Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx, a Pampulha transcendeu os limites da arquitetura para se tornar um símbolo de criatividade e inovação. Hoje, essa herança modernista, somada à riqueza cultural e à diversidade da cidade, faz de Belo Horizonte um dos destinos mais desejados do Brasil. A capital mineira é um convite para explorar suas artes, sua música, suas cores e seus sabores.
Ao longo de sua história, Belo Horizonte tornou-se muito mais do que uma sede administrativa. É uma cidade de encontros e convergências. Do samba ao Congado, das filarmônicas às galerias de arte, é um lugar onde a tradição dialoga com a modernidade, e a diversidade reflete o que Minas Gerais e o Brasil têm de mais belo.
Hoje, no aniversário de Belo Horizonte, celebramos não apenas a cidade, mas o que ela representa: uma síntese de Minas e do Brasil, um horizonte que se renova. Através do luto inicial, representado por “A Má Notícia”, encontramos a esperança. Ouro Preto e Belo Horizonte são, juntas, dois lados de uma mesma moeda, unidas pela história e pelo futuro, pela memória e pela inovação. E assim, como as montanhas que definem Minas, a capital segue firme, elevando olhares e corações rumo a um novo amanhecer.