PBH diz que ação de Engler e vereador do PL para barrar aumento nas passagens foi copiada de Duda Salabert

Procuradoria do Município contestou teor de pedido dos parlamentares por suspensão do reajuste nas tarifas de ônibus
Foto mostra ônibus que circulam em BH
Tarifa-base dos coletivos belo-horizontinos agora está em R$ 5,75. Foto: Amira Hissa/PBH

Uma ação protocolada pelo deputado estadual Bruno Engler e pelo vereador Vile dos Santos — ambos do PL — para tentar suspender o aumento das passagens de ônibus em Belo Horizonte virou tema de debate na Justiça. Nesta quinta-feira (2), a Procuradoria-Geral do Município (PGM) pediu o indeferimento da liminar solicitando a redução das tarifas. Na manifestação, o Executivo afirmou que a ação ajuizada pelos parlamentares é uma cópia de ação similar assinada pela deputada Duda Salabert, do PDT.

“Na presente ação popular, conforme já tratado no tópico de litispendência, os autores populares simplesmente copiaram o conteúdo da ação ajuizada pela deputada federal Duda Salabert. Há uma clara deturpação do objetivo legítimo da ação popular, desvirtuando-a para atender interesses de natureza partidária e populista, em prejuízo ao direito de defesa e ao adequado funcionamento do Poder Judiciário, que é indevidamente sobrecarregado com uma demanda destituída de fundamento próprio”, lê-se em trecho da petição da PGM, obtida por O Fator.

A ação de Engler e Vile foi protocolada nessa quarta-feira (1°), dia em que o reajuste das passagens foi posto em vigor. A tarifa-base do sistema de transporte público, antes fixada em R$ 5,25, agora está em R$ 5,75. Os parlamentares alegam que o Executivo municipal não tornou públicos os critérios para a adoção do novo valor.

“A falta de divulgação das planilhas de custo, das projeções de receita e da metodologia utilizada para calcular a remuneração complementar contraria os princípios da publicidade e da transparência ativa, previstos no artigo 37 da Constituição da República e regulamentados pela Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011). A ausência dessas informações também dificulta a fiscalização por parte dos órgãos competentes e da sociedade civil, o que é ainda mais grave diante do aumento significativo no repasse público, sem que haja melhorias visíveis na qualidade do serviço prestado”, afirmam.

Procuradoria vê litigância de má-fé

A Procuradoria-Geral de BH quer a litispendência das ações dos parlamentares do PL e de Duda, a fim de evitar que dois juízes diferentes julguem a mesma causa. Segundo o Executivo, houve litigância de má-fé da parte de Vile e Engler.

“Tal conduta caracteriza litigância de má-fé, nos termos dos inc. III do art. 80 do CPC, por evidenciar o uso da ação popular para objetivos ilegítimos, uma vez que a pretensão tem como finalidade única ampliar as chances de êxito, em violação ao princípio do juízo natural, e sobrecarregar os réus, prejudicando o direito de defesa. Ou seja, os autores não buscaram, de forma séria e fundamentada, o controle da moralidade administrativa, mas sim do Judiciário com pleito idêntico ao já ajuizado, desprovidos de utilidade prática”, escrevem o procurador-geral Hércules Guerra e o subprocurador-geral Judicial, Felipe Mantuano Pereira.

O Fator questionou Vile e Engler por mensagem a respeito das alegações da Prefeitura de BH. O vereador prometeu se inteirar da questão com seus representantes jurídicos e enviar um posicionamento.

No início da semana, o também vereador Pablo Almeida (PL) acionou o Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) contra o aumento.

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