O Conselho de Ética acaba de aprovar por 12 votos a 5 o parecer de Guilherme Boulos para rejeitar a ação contra André Janones por suspeita de rachadinha.
Cabo Gilberto Silva (PL-PB) apresentou voto em separado, pela rejeição do parecer de Boulos. “Aqui a gente não está afirmando que ele é culpado ou inocente”, disse Silva. “É apenas para dar prosseguimento a uma ação movida do (sic) nosso partido contra o deputado André Janones”.
Abilio Brunini (PL-MT), Nikolas Ferreira, Marco Feliciano e outros bolsonaristas não-membros do Conselho de Ética compareceram para engrossar o coro contra Janones. Brunini disse que a motivação de Boulos para defender Janones foi política.
“Defender o Janones é pagar uma conta”, disse Brunini. “Defender o Janones é pagar a conta de quem trabalhou na campanha de 2022 com uma série de acusações de fake news para proteger o Lula. Defender o Janones é não deixar um dos seus para trás, e isso é que eles [deputados de esquerda] estão fazendo”.
Janones foi uma espécie de “Carlos Bolsonaro de esquerda” na eleição de 2022, usando contra Bolsonaro táticas que os bolsonaristas costumam empregar.
Jack Rocha (PT-ES) rebateu a análise de Brunini pelo outro lado: “A raiva toda em relação a Janones é pelo fato inclusive de ele ser apoiador de Lula”.
O bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO), suplente no Conselho, foi mais incisivo: “É uma decisão se o Conselho de Ética é a favor de rachadinha ou não”, disse, antes da votação.
Gayer chamou Boulos de “o maior divulgador de rachadinha dos outros”, e disse que Boulos estava “disposto a vir aqui e defender a rachadinha”.
A representação contra Janones foi apresentada pelo PL em novembro. Boulos foi designado relator do processo, ou seja, aquele que escreve o parecer a ser votado pelos deputados.
A representação do PL cita a reportagem do Metrópoles que revelou áudio do próprio Janones dizendo: “Algumas pessoas aqui [do gabinete], que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito [de Ituiutaba, em 2016]”.
O Estadão apurou que a gravação é de 5 de fevereiro de 2019, portanto depois do começo do mandato de Janones, embora isso não seja fundamental para a cassação.
Separadamente, a PGR já investiga Janones por rachadinha, e Luiz Fux determinou a quebra de seus sigilos bancário e fiscal, solicitada pela Polícia Federal.