Embora não tenha sido consultado sobre a saída da bancada do PL da base de apoio ao governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o deputado federal Domingos Sávio, presidente dos liberais no estado, concorda com a decisão. A O Fator, Sávio diz que o desembarque do PL da coalizão governista reflete o plano da legenda de, neste momento, adotar postura independente à gestão Zema. Segundo o dirigente, o Palácio Tiradentes precisa “mostrar interesse” em uma aliança com os correligionários de Jair Bolsonaro.
“A relação é boa, mas é preciso que haja mais manifestações de interesse e entrosamento de lado a lado. Tivemos uma boa reunião da bancada (de deputados federais e estaduais) com o governador Zema, com quase todos (os parlamentares). Apresentamos algumas questões a Zema, dentre elas nossas preocupações com a segurança pública. E, até o momento, embora o diálogo seja bom, não recebemos nenhum retorno”, aponta, em menção a uma agenda ocorrida em dezembro do ano passado.
“Cabe muito mais ao governo mostrar o interesse de estar unido ao PL do que o PL (mostrar o interesse) de estar com o governo”, emenda, para, momentos depois, reforçar a tese: “A palavra está com o governo”.
Ainda de acordo com Domingos Sávio, o PL pode, sim, apoiar a chapa governista na eleição estadual de 2026 — Zema tem feito esforços para emplacar o vice, Mateus Simões, também do Novo. Mesmo sem descartar uma eventual caminhada com as forças situacionistas no ano que vem, o deputado federal afirma que o partido trabalha com a hipótese de lançar candidato próprio ao poder Executivo mineiro.
“Se o PL continuasse dentro do bloco do governo, isso sinalizaria que a vida estava resolvida. A decisão da bancada é natural e está muito em harmonia com a realidade que estamos vivendo com o governo Zema. Não somos oposição, nem governo”, aponta.
Engler à frente
A articulação que culminou no desembarque do PL do bloco parlamentar “Avança Minas”, uma das coalizões governistas da Assembleia, foi encabeçada pelo deputado Bruno Engler. O partido, que agora atuará como bancada, terá Engler como líder.
Apesar da presença do PL no “Avança Minas” nos últimos dois anos, nem sempre o partido entregou todos os 11 votos ao governo. Quando o acordo foi costurado, no início de 2023, ficou definido que parlamentares poderiam ter liberdade para se posicionar individualmente em pautas que lhes são caras. É o caso, por exemplo, de Sargento Rodrigues, que faz oposição a Zema em temas ligados à segurança pública e ao funcionalismo.
Ao comentar a saída do “Avança Minas”, Domingos Sávio também faz menção à postura independente que parte dos colegas de partido já seguia.
“É natural que a bancada se reúna e avalie se é melhor estar em um bloco ou ter a liderança própria do partido”, indica.
Nos bastidores do PL, há nomes em pauta para o caso de o partido decidir lançar candidatura própria. Uma das possibilidades aventadas encontra amparo na recente aproximação da legenda com o senador Cleitinho Azevedo, hoje filiado ao Republicanos.
Rearranjo necessário
A decisão do PL de deixar o núcleo governista provocou um rearranjo na correlação de forças da Assembleia. Para manter o “Avança Minas” de pé no próximo biênio, Avante e Republicanos foram incorporados ao grupo. Antes, as duas agremiações engrossavam o “Minas em Frente”, outro bloco de orientação governista.
Agora, o bloco que era do PL passará a contar com 22 deputados, enquanto o outro ajuntamento de deputados da situação terá 24 assentos.
Do outro lado, está a oposição, liderada pelo PT, com 20 representantes.