CGU mantém sigilo sobre parecer que pode prejudicar Lula no STF

Parecer jurídico do próprio governo recomendou vetos na lei da ozonioterapia, que Lula assinou integralmente
Vinicius de Carvalho, ministro da CGU
CGU: sigilo virando regra. Foto: CGU/via Flickr

A Controladoria-Geral da União (CGU) decidiu manter o sigilo sobre um parecer jurídico recomendando a Lula vetos na lei da ozonioterapia, assinada pelo presidente em agosto de 2023.

A decisão da CGU foi tomada na sexta passada (20) e comunicada a O Fator no começo desta semana via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Como mostramos em novembro, Lula contrariou parecer jurídico da AGU ao assinar a lei da ozonioterapia, definida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como prática exclusivamente experimental, proibindo os médicos de prescreverem procedimentos desse tipo fora de pesquisas.

A Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil defendeu o sigilo porque sua divulgação poderia comprometer eventual defesa de Lula perante o STF.

“A eficácia da defesa do ato ficaria prejudicada diante da divulgação dos argumentos utilizados quando da recomendação de veto de dispositivos por inconstitucionalidade”, escreveu a secretaria no processo da LAI, para manter o sigilo do documento.

A Casa Civil também argumentou que o governo teria direito à proteção do sigilo profissional do advogado (mesmo o governo e os advogados em questão sendo pagos com dinheiro público).

A CGU acolheu os argumentos da Casa Civil, em decisão assinada por Ana Túlia de Macedo, Secretária Nacional de Acesso à Informação.

“[C]onsiderando que houve manifestação expressa de advogado público e/ou membro da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, indicando a necessidade de restrição de acesso com base na inviolabilidade profissional do advogado (…) reconhece-se a caracterização de sigilo específico, razão suficiente para a restrição”, diz a decisão da CGU.

O Fator recorreu à Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI), 4ª e última instância dos processos via LAI.

O projeto de lei da ozonioterapia foi de autoria do então senador Valdir Raupp em 2017, e foi aprovado pelo Senado em julho de 2023, sendo assinado por Lula logo depois, apesar dos protestos das associações médicas. A Academia Nacional de Medicina (ANM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) se posicionaram publicamente pelo veto na época.

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