Após dobradinhas eleitorais de sucesso, a relação entre o deputado federal Nikolas Ferreira e o deputado estadual Bruno Engler, ambos do PL de Minas Gerais, tem sido marcada pelo distanciamento. Interlocutores de diferentes alas do partido afirmam que os parlamentares não nutrem mais o afinamento político visto no pleito de 2022, quando ambos foram os mais votados para as Casas Legislativas em que hoje atuam.
A avaliação de integrantes da legenda é que Nikolas e Engler podem não repetir a parceria na caça aos votos no ano que vem.
O distanciamento entre os dois deputados teria duas causas principais. A primeira delas seria a estratégia de Nikolas de lançar deputados estaduais mais alinhados a seu mandato. O deputado federal pretende apoiar diferentes concorrentes à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e, para isso, deseja levar em conta aspectos regionais. Em 2022, atendendo a um pedido do então presidente Jair Bolsonaro (PL), Nikolas caminhou exclusivamente ao lado de Engler.
A equação tem, também, as conversas relacionadas à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduziria a idade mínima para registro de candidaturas à Presidência da República, vice-presidência e Senado Federal dos atuais 35 anos para 30 anos. Na visão do grupo de Engler, a PEC, que beneficia Nikolas, poderia prejudicar Bolsonaro. Aliados do deputado estadual, então, tomaram as dores do ex-presidente no assunto.
A possibilidade de Nikolas pulverizar os apoios que pretende dar na corrida pela Assembleia Legislativa é relativizada por fontes do PL. O entendimento é de que a ideia é uma consequência da projeção política que o deputado federal vem ganhando ao longo dos anos.
Nos quadros liberais, dois nomes próximos a Nikolas são cotados para disputar a Assembleia: Pedro Luiz, vereador de Contagem, e Pablo Almeida, integrante da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH).
Já a possibilidade de a PEC que reduz a idade mínima para as candidaturas ao Palácio do Planalto e ao Senado vingar é vista como prejudicial a candidatos de Bolsonaro à Casa Alta em estados como São Paulo. Lá, o filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro, é pré-candidato. O diagnóstico é que a aprovação da emenda constitucional abriria espaço para candidatos mais jovens de todos os partidos, podendo dificultar a disputa.
Há, ainda, quem avalie que uma eventual aprovação da PEC repartiria, entre Nikolas e Bolsonaro, o poder de influência sobre os eleitores à direita que residem em Minas Gerais.
Sem problemas
Interlocutores ligados ao deputado Nikolas Ferreira ouvidos por O Fator negaram qualquer afastamento entre os deputados
“Não existe nenhum estremecimento na relação pessoal deles. Zero. O que existe é uma mudança na estratégia política. Engler tem um grande capital político, reforçado significativamente na última eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte. Ele não precisa do apoio do Nikolas. Mas é importante elegermos uma grande bancada na Assembleia”, disse uma fonte ligada ao congressista
O Fator também tentou contato com o deputado estadual Bruno Engler. Caso ele se manifeste, esta matéria será atualizada.