Gramado (RS) – Com o olfato e o paladar, a possibilidade de degustar iguarias da comida mineira. Com a visão, o tato e a audição, a chance de desfrutar de monumentos ligados ao ecoturismo no estado. É assim, em uma junção entre gastronomia e natureza, que produtores e comerciantes das rotas dos queijos, em cidades do interior de Minas Gerais, se armam para vender, a visitantes de outros estados brasileiros e de outros países, os itinerários que contam a história e os segredos por trás da produção queijeira.
Nesta sexta-feira (8), em Gramado (RS), durante a Festuris, feira internacional de turismo, produtores de laticínios e o governo de Minas Gerais lançaram duas rotas ligadas ao queijo: uma, na região do Serro; outra, no entorno da Serra da Canastra.
Na região da Canastra, além de conhecer os bastidores do trabalho das fazendas de laticínio, trabalhadores de turismo apostam que será possível atrair visitantes por meio de locais como o Parque Nacional da Serra da Canastra, que abriga a primeira queda d’água do mítico Rio São Francisco, cujo nascedouro está em São Roque e a foz apenas no Nordeste, entre Sergipe e Alagoas.
“Se a gente não ganhar o turista pelas vistas, vamos ganhar pelo estômago”, diz Vinícius Alves, que trabalha em uma empresa de recepção de turistas em Delfinópolis, cidade abrangida pela Rota da Canastra.
O queijo não é o único protagonista do trajeto. Também há espaço para as lavouras cafeeiras. Nas visitas, é possível tirar dúvidas sobre a produção.
“O mineiro tem de tocar nas coisas. Levamos o turista para ter uma experiência frente a frente (com a produção gastronômica)”, explica.
Nas montanhas do Serro
A Rota do Serro, por sua vez, começa na cidade homônima e passa por Santo Antônio do Itambé e Conceição do Mato Dentro, berço da Cachoeira do Tabuleiro, uma das mais concorridas do estado.
É no Serro que está a Fazenda São Jorge, onde trabalha Estela Mares, uma das responsáveis pela produção do Queijo Dona Iaiá, que leva o nome de sua mãe.
“A região do Serro tem muita história. São mais de 300 anos de produção do queijo minas artesanal”, conta.
Na visita às fazendas da região, turistas descobrem que, entre o queijo do serro e o queijo canastra, há uma diferença fulcral. Enquanto a iguaria do serro é prensada à mão, na Canastra, o processo é feito com o auxílio de um pano.
Incentivo à cadeia turística
A combinação entre ecologia e turismo gastronômico parte da ideia de que a junção é capaz de, por exemplo, incentivar os visitantes no processo de apoio à cadeia econômica local. Assim, se em um dia o roteiro de passeio tem paradas nas fazendas de laticínios, no outro, a pedida é por um mergulho em cachoeiras ou por caminhada em trilhas.
“Quem procura o queijo está procurando o turismo verde, sustentável, de agricultura familiar, da natureza”, assinala o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas, Leônidas Oliveira.
Segundo ele, diversificar as atrações garante, por exemplo, a estadia dos viajantes nas pousadas da região.
“Se a gente quer ver a permanência do turista, para que ele fique mais dias, temos de oferecer opções”, pontua.