Texto final do Propag descarta plano de relator na Câmara para endurecer regra fiscal

Versão que segue para sanção do presidente Lula elimina ideia de deputado para diminuir limite para gastos com pessoal
Relator do Propag no Senado, Alcolumbre conversa com Romeu Zema e Cláudio Castro
Relator do Propag no Senado, Alcolumbre conversa com Romeu Zema e Cláudio Castro. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A versão final do Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag), enviada pelo Congresso Nacional ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), excluiu um artigo que endurecia a regra fiscal seguida por governos locais. O tópico, que modificava o limite prudencial de gastos com pessoal estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), havia sido colocado no texto pelo deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ), relator da matéria na Câmara.

O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), entretanto, optou por descartar a mudança feita por Luizinho, retomando os termos originais dos limites da LRF. Assim, o teto prudencial para gastos com pessoal seguirá em 95% — o que equivale a utilizar cerca de 46,5% da Receita Corrente Líquida (RCL) para esse fim.

Luizinho defendia que o limite imposto aos estados que migrarem do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para o Propag fosse de 90% — o que poderia gerar impactos às contas públicas de Minas Gerais, que tem pago parcelas de sua dívida com a União sob as diretrizes do RRF, mas pretende aderir ao novo programa. Na prática, quanto à Receita Corrente Líquida, o atual limite, de 46,5%, passaria para 44,1%.

“A proposta de dificultar a expansão dos gastos de pessoal, por ter efeito limitado a quatro anos, não seria suficiente para reequilibrar as finanças dos entes. A despeito disso, o esforço para melhorar o ensino profissional técnico de nível médio demandaria a contratação de professores, portanto, estaria em choque com a redução pretendida”, escreveu Alcolumbre, ao defender a rejeição à mudança feita pela Câmara.

Atualmente, conforme os termos da LRF, quando os gastos com pessoal excedem 95% do limite, o Poder responsável pela ultrapassagem desse percentual fica, por exemplo, proibido de conceder reajustes a servidores, exceção feita a recomposições de perdas inflacionárias.

Em que pese a rejeição ao endurecimento da diretriz fiscal, Alcolumbre seguiu sugestões dadas por Luizinho. Entre elas, a ampliação do prazo para a adesão ao Propag. Se, antes, os estados teriam 120 dias contados a partir da publicação da lei, o plano, agora, é permitir que o ingresso no pacote econômico possa ocorrer até 31 de dezembro do ano que vem.

O pilar do Propag é a possibilidade de federalização de ativos estaduais como caminho para a amortização das dívidas e a diminuição do indexador de correção dos juros, hoje em IPCA + 4%.

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