Faz um ano que o ministro da Defesa, José Múcio, cancelou uma viagem à Suécia, onde negociaria a compra e venda de aviões militares, e nunca mais remarcou.
O voo de Zé Múcio para Estocolmo decolou na manhã de 7 de outubro, e o avião deu meia-volta após o ataque terrorista do Hamas em Israel.
Múcio voltou para organizar a repatriação de brasileiros, que de fato aconteceu. 1.560 brasileiros e familiares que estavam em Israel ou na Palestina foram retirados da região.
Porém, Múcio nunca refez a viagem para negociar a venda de cargueiros C-390 Millennium da Embraer.
Documentos obtidos por O Fator via Lei de Acesso à Informação mostram que a viagem já tinha sido remarcada pelo menos uma vez.
“[I]nformo que o Chefe desta Pasta não poderá visitar a Suécia, na data citada, devido a alteração imperativa na agenda deste Ministério”, escreveu em 3 de agosto de 2023 o general João Roberto Albim Gobert Damasceno ao adido de defesa da Suécia em Brasília.
O programa da visita marcada para 9 e 10 de outubro previa pompa e circunstância. Múcio foi convidado a visitar as instalações da Saab em Linköping, onde a empresa tem mais funcionários; a comparecer a uma reunião de cortesia com Johan Forssell, ministro do Comércio Exterior, e a participar de uma reunião bilateral com sua contraparte Pål Jonson no Palácio Karlberg, que abriga a academia militar da Suécia e onde Múcio passaria em revista a guarda de honra.
Como sabemos, nada disso aconteceu.
Meses atrás, o Ministério da Defesa me informou que o ministro “não refez a viagem. Ele se reuniu virtualmente com o seu homólogo da Suécia no dia 10 de outubro de 2023”.
Em junho deste ano, a Embaixada da Suécia mostrou ter interesse em remarcar um encontro entre os ministros “o mais rápido possível mas, infelizmente, isso ainda não foi possível devido às agendas atribuladas de ambos”.
No mês passado, Múcio disse em entrevista à Reuters que a Suécia manifestou interesse na potencial compra de três aviões cargueiros.