Entre as muitas especialidades da comunicação do PT está a de manufaturar consensos ao plantar ideias de modo que elas pareçam inevitáveis.
Foi assim no começo de 2023, com a “plantação” intensa de notinhas em off na imprensa de que Dilma ganharia um cargo como presidenta do Banco dos BRICS.
Em janeiro daquele ano, Mônica Bergamo chegou a divulgar que “Dilma descarta cargo na China”, posto que a impichada teria considerado “muito distante”.
Mas as cartas estavam marcadas. Semanas depois, Lauro Jardim cravou: “Não é mais uma possibilidade, mas uma certeza: por indicação do governo Lula, Dilma Rousseff presidirá o Banco dos Brics”. Não há nenhuma “aspa” na nota, ou seja, ninguém falando em on, sendo identificado. O martelo estava batido – e estava mesmo, já que o cargo não dependia de aval do Senado.
Dois meses depois, Dilma foi mesmo eleita presidenta do Banco dos BRICS, cargo que ocupa até hoje.
Agora o governo do PT tenta repetir a estratégia, mas falando em on mesmo.
Na quinta passada (2), Fernando Haddad recomendou no eterno Twitter artigo do economista Bráulio Borges sugerindo a desvinculação do piso previdenciário do salário mínimo nacional. Borges escreveu: “o salário-mínimo é uma variável que deve sim ser reajustada ao longo do tempo em termos reais, refletindo ganhos de produtividade da mão de obra, mas é uma variável que deve regular o mercado de trabalho, ou seja, a vida de quem está participando ativamente da produção econômica. As aposentadorias e pensões deveriam ser reajustadas apenas pela inflação, mantendo o poder de compra ao longo do tempo”.
Nesta segunda (6), foi a vez de Simone Tebet defender a ideia em entrevista ao Valor. “No cardápio das propostas [da ministra] discutidas está a desvinculação dos benefícios da Previdência Social da política de valorização do salário mínimo”, informa o jornal.
As ideias podem ser boas ou ruins, mas o método é o mesmo.