Eu tenho evitado comentários mais ácidos, sobre temas nacionais, aqui no O Fator, pois um veículo dedicado à informações de bastidores políticos e sobre mercados, notadamente meio ambiente e imobiliário, de Minas Gerais, com foco em Belo Horizonte, naturalmente – local da sede do site.
Por conta disso, tenho deixado minhas críticas e análises sobre política e economia nacionais, e outros assuntos de temas internacionais, para o portal O Antagonista, onde sou colunista, e para a Rádio 98, onde sou comentarista do programa 98 Talks, de segunda a sexta-feira, de 19h às 20h, aliás.
Contudo, diante da gravidade e importância do momento de descontrole financeiro que o Brasil atravessa, e principalmente, a meu ver, por tal fato ser resultante das inúmeras más escolhas – políticas e econômicas – do presidente Lula, não há como eu não me posicionar no meu próprio veículo e para meu público original.
O que está pegando
O Brasil é a 8ª economia do mundo, possui fundamentos macroeconômicos sólidos, um parque industrial – ainda que ligeiramente sucateado – pujante, conta com sólidas reservas cambiais, não apresenta risco de calote, a inflação é alta, mas longe de incontrolável, o desemprego está baixo, enfim, estamos relativamente bem.
Por que, então, tamanha crise cambial e tamanhos juros reais? Por que tanta saída de capital e desinvestimento externo? Simples. Porque temos, no Poder central, um presidente que insiste em teses e práticas comprovadamente nocivas ao país, que já nos levaram, inclusive, ao maior período recessivo de nossa história (2014 a 2016).
Sob gestão de sua “poste”, Dilma Rousseff, a indefectível estoquista de vento e saudadora de mandioca, o Brasil experimentou, além de uma profunda recessão, juros em patamares próximos a 15% ao ano, desemprego na casa dos 12% e uma taxa de inflação rondando 11% no acumulado de 12 meses.
Filme velho e de mau gosto
A hecatombe financeira de Dilma, porém, foi adubada, plantada e cuidada pelo próprio chefão petista, principalmente durante seu segundo mandato, onde expandiu de forma artificial o crédito – para enfrentar a crise mundial de 2008, que chamou de marolinha -, e que fomentou o excessivo consumo interno.
As pessoas mais pobres, para orgulho dos incautos, financiavam de carro usado a aparelho de celular, passando por TV de plasma (sim, era a tecnologia da época) e quaisquer outros bens duráveis em 60, 70, 80 vezes. Pouco tempo depois, escrevi no portal UAI uma coluna intitulada “Lula arrebentou com os pobres”.
O motivo era simples: as pessoas que antes não tinham nada, passaram, anos depois, a também não ter nada, já que os bens ou quebraram ou se depreciaram completamente, quando não retomados por falta de pagamento, mas encontravam-se inadimplentes, com os nomes sujos e cheias de dívidas impagáveis.
Eles são incuráveis
Lula e o PT continuam acreditando no “Estado como indutor da economia”. A tal “nova matriz econômica” de Guido Mantega e companhia. Os caras apostam em endividamento público, subsídios setoriais, incentivos à indústria nacional (os campeões nacionais), crédito farto e barato e programas sociais abundantes.
Produtividade, livre mercado, desburocratização, legislações menos nocivas, menor interferência estatal etc.? Que nada! Ao contrário. “Ué, Ricardo, mas, então, como e quem paga a conta?”. Ah, querido leitor, querida leitora, simples: você. Ou através do aumento de impostos ou, e não somente, através de endividamento público.
Explico melhor: ou os petistas avançam sobre o dinheiro de quem trabalha e produz, aumentando a arrecadação via maior taxação, ou contraem mais dívida, a juros cada vez maiores, que serão um dia pagos com… mais impostos! Só que tal movimento tem limite. Tem começo, meio e fim – que nos diga 2016.
São teimosos
Lula 3, como ensina a citação famosa, “não aprendeu nada e não esqueceu nada”. Além de estourar o caixa da União, dessa vez, ao contrário dos mandatos anteriores, resolveu atacar o Banco Central – não tem mais o Meirelles para chamar – e o mercado financeiro. Pior. Já não tem mais, também, o tino político de outrora.
Como “desgraça pouca é bobagem”, tampouco conta com trânsito internacional, salvo ditadores e ditaduras inexpressivas, e o próprio planeta não vive lá seus melhores dias, com conflitos na Europa e no Oriente Médio, guerra fiscal entre blocos comerciais e ameaça de novo ciclo inflacionário e juros altos.
Tudo somado, ao contrário do que propagam de forma, eu diria criminosa, petistas de alto coturno, a culpa não é de fake news de internet, de especuladores ou do “mercado”, mas do próprio presidente da República e do bando de puxa-sacos que lhe cerca, incapaz de lhe dizer “não” – ou ao menos tentar.
Quem viver, verá
O vice-presidente Geraldo Alckmin, então, tornou-se simplesmente patético, preferindo urrar “Lula, Lula, viva o presidente Lula, o maior homem público do Brasil”, que lhe abrir os olhos. Aliás, hoje, mais próximo que Alckmin só a primeira-dama Janja da Silva, a quem os fatos explicam completamente quem é.
Fernando Haddad tornou-se um mero pato manco. Espera, pela sabujice, ser agraciado com o posto de candidato à Presidência em 2026. Porém, terá que disputar o título – de maior sabujo – e a vaga, com o atual vice-presidente. Páreo duro, não é mesmo? E é o que temos para hoje, se é que me entendem.
O Banco Central já queimou, em duas semanas, 5% das reservas cambiais para tentar conter a alta do dólar, e não conseguiu nada senão – até ontem, quinta-feira, 19 – insuportáveis R$ 6.12 (após atingir R$ 6.30). Entenderam, agora, por que não deu para não escrever a respeito? Abraços e bom fim de semana para quem puder.