As eleições municipais de outubro, ainda que totalmente indefinidas, já produzem efeitos no Executivo da capital. Nesta segunda-feira (1/4), o prefeito Fuad Noman (PSD) e o secretário de Estado Marcelo Aro (PP), em entrevista coletiva na Prefeitura de Belo Horizonte, anunciaram “em comum acordo” mudanças no secretariado municipal.
Como O Fator mostrou semana passada, o prefeito Fuad vinha sendo pressionado por seu partido a exonerar nomes indicados pelo grupo de Aro, notadamente os secretários de Governo (Castellar Neto), Meio Ambiente (José Reis), Desenvolvimento Econômico (Fernando Motta) e Educação (Roberta Rodrigues).
Ao longo dos últimos dias, especulou-se que o prefeito não acataria tal orientação, com receio de retaliações políticas da Família Aro em pleno ano eleitoral. Porém, ao que tudo indica, ou foi convencido pelo próprio PSD ou, de fato, celebrou acordo com Marcelo.
O pano de fundo é a disputa entre o senador Rodrigo Pacheco (PSD) e o próprio Marcelo Aro, com vias ao governo mineiro em 2026. O secretário, habilidosamente, conseguiu participar do alto escalão de Romeu Zema (pessoalmente) e indicar importantes secretários e assessores de Fuad, conquistando o “status” de forte pré-candidato ao Palácio Tiradentes.
Já Pacheco, como se não bastasse a Presidência do Senado, cacifa-se pela boa interlocução junto ao governo federal e, sobretudo, pelo trânsito livre junto aos “tomadores de decisão” de Minas Gerais, seja no campo político ou perante o empresariado de grosso calibre.
Ainda que Aro e Fuad tenham acordado as exonerações em clima cordial, é fato que Rodrigo Pacheco fez valer todo seu peso político-partidário, já que pré-candidatura é uma coisa e candidatura oficial, outra – e o prefeito sabe muito bem disso.
A dúvida que fica agora é: como Marcelo Aro irá reagir, já que não costuma “levar desaforo para casa”? No caso de hoje, levou 4 de uma só vez.