Não sou de acreditar naquilo que não ouço, vejo ou toco. Não sou afeito a crenças e a misticismos. Confesso que, apesar de fortes laços com o judaísmo (judeu que sou), não pratico nem professo a religião. Sou praticamente um não crente, entendem?
Aliás, passei a vida em contato com outras religiões: catolicismo, durante décadas na escola; espiritismo, por influência da minha mãe; e me casei uma cristã, filha de uma “carola” maravilhosa – em todos os aspectos, diga-se. E nem assim mudei.
Por isso, também não creio em destino ou determinismo. Penso que a vida segue o rumo que damos a ela, sem desprezar ou menosprezar, é claro, as variáveis herdadas e tudo mais que não controlamos (doenças, por exemplo). Repito: “no creo en las brujas”.
TRÊS LETRAS: NYC
Há pessoas, empresas, cidades e países vocacionados ao sucesso, desenvolvimento, prosperidade? Não acho. Individualmente, ou coletivamente, ao longo do percurso, sejam anos, décadas ou séculos, progredimos ou regredimos conforme nossas escolhas.
Por ocasião de compromissos familiares, estou em Nova York (EUA) já há pouco mais de um mês. Em 2021, eu e minha família moramos aqui e a experiência vivida durante o final da pandemia do novo coronavírus nos aproximou da cidade que tanto gostávamos.
Não. Nova York não é exemplo de perfeição, longe disso, mas é inegável a pujança e a vibração interminável desse lugar. Aqui, pobre ou rico, jovem ou idoso, americano ou estrangeiro, todos são dragados pelo ritmo frenético do coração do planeta.
TRÊS LETRAS: BHZ
Por onde você anda – inclusive fora de Manhattan – o trabalho em melhorias da infraestrutura urbana, consequentemente, maior qualidade de vida, é diuturno (inclusive noturno). O resultado é um espetacular desenvolvimento local com reflexos nacionais.
Ratos, lixo, barulho, moradores de rua, nada é capaz de tirar o brilho da “cidade que nunca dorme” nem nunca para. Mas essa digressão imensa foi necessária; acreditem! Pois é hora de falar de Belo Horizonte, BH, Belzonte, Belô. Chamem como quiserem a capital de Minas.
É uma pena que Belo Horizonte tenha “parado no tempo”. Uma sucessão, há décadas, com soluços aqui e ali de má gestões municipais e, pior, abandono dos governos de estado e federal, que não foram generosos com a cidade e seus mais de dois milhões de habitantes.
TRÊS LETRAS: MRV
Provincianismo, mesquinhez, oportunismo, covardia, falta de visão e cultura geral, enfim, são vários os fatores e motivos do nosso atraso frente ao mundo e ao próprio País (BH, hoje, é a sexta cidade em tamanho; já foi a terceira). Lastimável.
Paralisada por más políticas públicas e confinada por municípios da Região Metropolitana, nossa querida cidade, sempre que ousa passos mais largos e ousados, recebe uma saraivada de senões e barreiras dispostos a tudo para impedir o progresso.
Foi assim com a Arena MRV, estádio do Galo, quando a gestão Alexandre Kalil fez o diabo para dificultar o maior empreendimento imobiliário de BH desde a Cidade Administrativa. E novamente, agora, ocorre com a etapa mineira de Stock Car, prevista para agosto.
TRÊS LETRAS: ESG
Afinal, por que tem gente que prefere manter a cidade “devagar, quase parando”. Por que se preocupar mais com 50 árvores condenadas, do que com o replantio de 500 novas mudas? Por que desconsiderar o barulho, trânsito etc. já existentes em dias de jogos e eventos no Mineirão?
É inexplicável tentar impedir uma corrida de automóveis, que irá inserir Belo Horizonte em um dos esportes mais bem-sucedidos do mundo. É inaceitável, a meu ver, quaisquer dos motivos apresentados, até então, para não “mergulhar fundo”, ou ao encontro do tema, “pisar no acelerador”.
A organização do BH Stock Festival já apresentou medidas de mitigação do impacto sonoro (instalação de barreiras acústicas). E estão investindo pesado em neutralização de carbono, incentivando o transporte público e cuidando dos resíduos (óleo lubrificante).
TRÊS NÚMEROS
Estamos falando de cerca de R$ 200 milhões injetados na economia da cidade e uma arrecadação de impostos de cerca de R$ 20 milhões, além de aproximadamente 1.5 mil empregos diretos e indiretos, antes e durante a realização do evento.
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), haverá um impacto de até R$ 280 milhões ao município, ao longo dos cinco anos previstos para a competição. Não é pouca coisa, não, senhoras e senhores.
E a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD) estima um impacto de até 0,08% no Produto Interno Bruto (PIB) de Belo Horizonte já em 2024. Pergunto: o que mais é preciso para convencer os contrários?
TRÊS PARÁGRAFOS FINAIS
Os números são fantásticos, sim, mas há mais. Vejam nosso carnaval. Hoje é o segundo ou terceiro do País, e a continuar assim, será o primeiro. O turismo não traz apenas resultados de curto prazo, mas deixa uma espécie de “herança bendita” para os anos seguintes.
Por isso, rogo a quem pensa o contrário e trabalha contra a realização do evento, para que, sem paixões e crenças ideológicas, ou mesmo políticas, analise friamente os dados e, principalmente, socorra-se nos exemplos de Singapura, Las Vegas, Miami e… Mônaco!
Estariam todas estas maravilhosas e prósperas cidades erradas? Seriam palco de degradação ambiental ou malefício aos seus cidadãos? Acho que não, né? Portanto, por favor, pensem nisso. Deixem o passado no passado e mirem, definitivamente, em um futuro que precisa se tornar promissor.