Joe Biden anunciou neste domingo (21) ter desistido de se candidatar à reeleição, mesmo depois de ter vencido com folga as primárias do Partido Democrata.
Seu agora ex-adversário, o criminoso condenado Donald Trump, armou um golpe para ficar; Biden escolheu sair, mesmo podendo tentar outro mandato. Serão eternamente marcados por essa diferença.
Biden seguiu o exemplo de George Washington, o primeiro presidente dos Estados Unidos – e o primeiro presidente da República no mundo, já que os americanos inventaram esse cargo.
Em 1796, Washington podia concorrer a um terceiro mandato. Não havia nada proibindo. Mas ele decidiu não concorrer, abrindo um precedente que só seria quebrado lá em 1940 por Franklin Roosevelt – o único americano a ser eleito para um terceiro (e quarto) mandatos.
Em sua carta de despedida, famosamente musicalizada em Hamilton (2015), Washington escreveu assim:
“Embora ao rever os incidentes da minha administração eu não tenha consciência de erros intencionais, sou, no entanto, demasiado sensível aos meus defeitos para não pensar que seja provável que eu tenha cometido muitos erros. Quaisquer que sejam, imploro fervorosamente ao Todo-Poderoso para evitar ou mitigar os males aos quais eles possam tender. Levarei também comigo a esperança de que o meu país nunca deixará de vê-los com indulgência e que, depois de quarenta e cinco anos da minha vida dedicados ao seu serviço com um zelo reto, as falhas das capacidades incompetentes serão relegadas ao esquecimento, como eu devo estar em breve nas mansões do repouso”.
Para quem exerce o poder, nada mais difícil do que largá-lo; por isso chamam tanta atenção as biografias de Diocleciano, Washington – e agora, de Biden.
Na letra do musical Hamilton:
“Se eu disser adeus / a nação aprenderá a seguir em frente /
Ela sobrevive a mim quando eu me for”.