Candidatos à Prefeitura de BH têm 13% do patrimônio de Pablo Marçal; saiba bens de cada um 

Disputa tem 10 concorrentes que, somados, possuem R$ 22,4 milhões em ativos; Fuad Noman (PSD) lidera lista
Foto mostra a fachada da Prefeitura de BH.
Disputa pela Prefeitura de BH terá 10 candidatos. Foto: Adão de Souza/PBH

Item obrigatório para o registro de chapas, as declarações de bens dos candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apresentam curiosidades e discrepância. Juntos, os 10 concorrentes têm patrimônio de cerca de R$ 22,4 milhões. A título de comparação, o valor corresponde a apenas 13% das cifras declaradas pelo coach Pablo Marçal (PRTB), que disputa a Prefeitura de São Paulo e afirmou, à Justiça Eleitoral, ter R$ 169,5 milhões em ativos.

Em BH, o líder do ranking das declarações de bens é o prefeito Fuad Noman (PSD). Candidato à reeleição, ele possui patrimônio de R$ 15,9 milhões, valor que representa 70% do total declarado por todos os candidatos ao Executivo municipal. 

A seguir, O Fator destrincha o patrimônio de cada um dos 10 concorrentes.

Fuad Noman – o maior patrimônio

Fuad delcarou possuir exatos R$ 15.929.716,49. O valor é pouco mais de R$ 237 mil superior ao que apresentou em 2020, quando foi candidato a vice-prefeito de Alexandre Kalil, então no PSD. 

Há quatro anos, Fuad listou ser proprietário de dois imóveis em Belo Horizonte, dois no estado de São Paulo, um na cidade em Baldim, no interior de Minas Gerais, e outro na também mineira Guaxupé. Ele ainda anotou participação societária em uma empresa. 

As maiores fatias do atual patrimônio de Fuad estão em créditos provenientes do recebimento de um empréstimo — cerca de R$ 6,3 milhões — e em quotas de uma empresa, que somam R$ 7,3 milhões. O prefeito também anotou a participação em fundos monetários.

Rogério Correia — maior evolução patrimonial 

Candidato do PT, o deputado federal Rogério Correia elegeu-se pela primeira vez em 1988, quando venceu a disputa para vereador de Belo Horizonte. Para a eleição de 2024, Rogério declarou patrimônio de R$ 889.650,83, cuja soma tem o valor de um apartamento financiado, o crédito de um empréstimo e um investimento de R$ 42 mil. 

Como a base de dados da Justiça Eleitoral na internet só apresenta informações a partir do pleito de 2004, a primeira declaração de bens do petista está na eleição de 2006, quando tentou, sem êxito, chegar à Câmara dos Deputados. À ocasião, Rogério apresentava patrimônio de R$ 130 mil, que somava parte de uma casa em BH e um Fiat Uno.

Em 2010, quando foi eleito deputado estadual pela primeira vez, Rogério teve crescimento patrimonial de apenas R$ 16 mil. O valor da declaração de bens do parlamentar cresceu mais de 600% em 2014, a reboque do financiamento de um apartamento avaliado em R$ 900 mil, também na capital mineira.

Em 2018, quando venceu para deputado federal pela primeira vez, Rogério listou  declarou um apartamento de R$ 717 mil e uma casa de R$ 403 mil. A soma, R$ 1.121.451,00, é superior em apenas R$ 29 mil ao valor declarado na eleição anterior. Já nas eleições de 2022, Correia declarou apenas o financiamento do apartamento, no valor de R$ 717 mil. 

Em uma projeção bruta, Rogério Correia teve um crescimento patrimonial de 584% a partir das eleições de 2006. 

Gabriel Azevedo — o das ‘bicicletas

Candidato do MDB e atual presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), Gabriel Azevedo mais que dobrou sua declaração de bens de 2016, ano de sua primeira vitória para a vereança, até este ano.

Quando conquistou o primeiro mandato, Gabriel declarou patrimônio de R$ 432,5 mil, com três itens: metade de um apartamento no centro da capital e duas bicicletas: uma Pashley, avaliada em R$ 3 mil, e uma Verlobis Churchill Baloon, com valor declarado de R$ 4,5 mil.  

Nas eleições de 2020, o patrimônio de Gabriel apresenta um crescimento de R$ 1,3 mil. Ele manteve a metade do imóvel e as duas bicicletas, mas acrescentou pequenos investimentos financeiros (alguns até de centavos), além R$ 1 mi de capital social de uma empresa de comunicação com o seu nome. 

Agora, porém, há ampliação patrimonial. A declaração de Gabriel apresenta vários investimentos financeiros e depósitos bancários no Brasil e no exeterior. Além da empresa de comunicação, o emedebista apresentou suas quotas e capital no Minas Jazz Bar, estabelecimento que mantém no Centro de BH, e um segundo apartamento no Centro da cidade. As bicicletas permanecem no rol de bens do vereador.

Duda Salabert — não há bens a declarar

A deputada federal Duda Salabert, que tenta chegar à Prefeitura de BH pelo PDT, não apontou ter a propriedade de nenhum ativo nos documentos enviados ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) para registrar a candidatura. “Não há bens a declarar”, lê-se no registro de candidatura da parlamentar.

Dois anos atrás, quando foi eleita congressista, Duda declarou R$ 26.709,40. Em 2020, ano em que conquistou uma das 41 vagas na Câmara Municipal de BH, a pedetista apontou patrimônio de R$ 57 mil. Entre os itens, estavam um carro e pequenas aplicações financeiras.

Em 2018, quando concorreu ao Senado Federal pelo Psol, Duda  declarou um único ativo: um carro no valor de R$ 30 mil.

Mauro Tramonte — perda de patrimônio

Em 2004, Mauro Tramonte tentou, sem sucesso, eleger-se vereador na cidade de Poços de Caldas, no Sul de Minas. À ocasião, declarou não possuir bens. 

Quatorze anos e uma trajetória na televisão depois, Tramonte foi eleito deputado estadual pela primeira vez. Antes da vitória em 2018, apresentou dados que apontavam patrimônio de R$ 38,7 mil. Na descrição dos bens, estavam 1% da cota societária em uma empresa de eventos e 30% de um apartamento no estado de São Paulo, no valor total de R$ 38.650,00. 

Em 2022, um salto levou o patrimônio de Tramonte a R$ 487.186,70. Além de vários depósitos bancários, ele passou a ter 50% do apartamento em São Paulo e adquiriu metade de uma casa no município mineiro de Botelhos, no valor de R$ 348.500,00. 

Nestas eleição, Tramonte declarou metade do valor de dois anos atrás. Com um total de bens de R$ 246.935,60, ele registrou vários depósitos bancários. Conforme os dados, o parlamentar se desfez de 50% da residência em Botelhos.

Carlos Viana — mesmo espólio de 2022

Assim como Tramonte, Carlos Viana (Podemos) disputou sua primeira eleição em 2004, quando concorreu à Câmara de BH. Assim como o apresentador de TV, Viana, de carreira no rádio, não declarou bens.

Em 2018, quando foi eleito senador, Viana tinha patrimônio de R$ 4.030.430,65. Eram quatro apartamentos, duas casas, quatro terrenos, aplicações financeiras, depósitos bancários e pequenas participações societárias. 

Quando disputou o Governo de Minas Gerais, em 2022, o espólio de Viana foi reduzido em R$ 463.691,03 — cerca de 11.5%. Para o pleito deste ano, o parlamentar declarou o mesmo patrimônio de dois anos atrás: R$ 3.566.739,62.

Wanderson Rocha — carro e casa

Professor e pedagogo, Wanderson Rocha, do PSTU, disputou um cargo eletivo pela primeira vez em 2008, quando se candidatou a vereador. Naquele ano, o docente possuia apenas um Fiat Pálio, estimado em R$ 12 mil.

Oito anos depois, em nova tentativa de ser vereador, Wanderson apontou possuir uma casa e um Ford Ka, que somavam R$ 270.462,00. Em 2018, durante a disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o professor declarou R$ 270.766,21. 

Houve crescimento substancial em 2020, quando Wanderson, então candidato à Prefeitura de BH, declarou R$ 366.900,31, valor superior em pouco mais de R$ 96 mil ao que fora registrado em 2018. O valor somava o financiamento de um apartamento de R$ 350 mil, um Ford Ka, avaliado em R$ 16,9 mil, e minuciosos R$ 0,31 em uma caderneta de poupança. 

Quando disputou para deputado federal, em 2022, Wanderson declarou R$ 372 mil, divididos entre o apartamento de R$ 372 mil e o Ford Ka, avaliado em R$ 22 mil. As cifras são exatamente as mesmas do extrato de bens e ativos deste ano.

Indira Xavier – pequeno valor no BB

Ativista dos movimentos sociais por habitação popular, Indira Xavier representa a Unidade Popular (UP) e é a candidata com o menor patrimônio entre os que declararam bens. Na primeira empreitada eleitoral de Indira, em 2006, na chapa do Psol que concorreu à Assembleia de Alagoas, nenhum bem foi declarado. Quatro anos depois, em nova tentativa de ser deputada estadual, Indira também apontou não possuir patrimônio.

Já instalada em Minas Gerais, Indira declarou possuir R$ 136,07 de saldo bancário em 2022, quando concorreu ao governo de Minas pela UP. Neste ano, ela apontou ter R$ 592,97 depositados em uma conta do Banco do Brasil.

Bruno Engler — 16,66% de uma égua

Deputado estadual desde 2019, Bruno Engler (PL) disputará a Prefeitura de Belo Horizonte pela segunda vez. Para o pleito deste ano, declarou patrimônio de R$ 238.889,34 um carro, depósitos bancários e investimentos financeiros. Ele também possui 16,66% de uma égua, declarada em eleições anteriores.

Oito anos atrás, na primeira vez que apareceu nas urnas — como candidato a vereador de BH — Engler possuía apenas um Ford Ka, avaliado em R$ 20 mil. Em 2018, quando venceu uma disputa eleitoral pela primeira vez, o liberal declarou uma versão um pouco mais nova do Ford Ka, com valor de R$ R$ 37.973,00.

Em 2020, quando Engler também concorreu à PBH, o patrimônio dele chegou a R$ 161.759,88. Ele registrou depósitos bancários, um Renault Sandero e um investimento financeiro.

Em 2022, reeleito deputado, apontou possuir R$ 244.740,34 em bens. dquiriu um Sandero mais novo, apresentou depósitos bancários e investimentos financeiros e a declaração de propriedade da égua, então avaliada em R$ 13.000,20. 

Lourdes Francisco — nada a declarar

Lourdes Francisco, do PCO, não declarou bens neste ano e em 2022, quando concorreu ao governo de Minas pelo mesmo partido.

Em 2016, candidata a vereadora pelo PT de Grão Mogol, no Norte do estado, Lourdes disse ser dona de R$ 2,8 mil, relativos a “quatro bovinos”. 

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