CUT quer acompanhar ação de mineradoras no STF para barrar processos de municípios no exterior

Entidade pediu para ingressar como amicus curiae na ação
Ministros durante sessão plenária no Supremo Tribunal Federal (STF)
Relatoria da ação do Ibram está com o ministro Flávio Dino. (Foto: Carlos Moura/STF)

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) quer participar do processo no STF que questiona a possibilidade de municípios brasileiros entrarem com ações judiciais contra mineradoras no exterior. Na última sexta-feira (19), a entidade entrou com um pedido para atuar como amicus curiae na ação ação movida pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).

Na petição, a CUT argumenta que tem legitimidade para participar do processo devido à sua representatividade como central sindical, e alega que o tema da ação é de seu interesse, pois “envolve questões relacionadas à estrutura do Estado, democracia e pacto federativo”. A central sindical argumenta que eventuais restrições à capacidade dos municípios de ingressarem com ações no exterior podem “prejudicar a defesa dos direitos sociais e a responsabilização de empresas estrangeiras por violações ocorridas no Brasil”.

Em sua argumentação, a CUT defende que a autonomia dos municípios para buscar reparação de danos no exterior está alinhada com o pacto federativo previsto na Constituição.

Atualmente, o processo aguarda a manifestação de todos os municípios citados na ação.

Ação no Supremo

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) do Ibram argumenta que a prática de municípios brasileiros acionarem a Justiça de outros países “fere a soberania brasileira e os princípios constitucionais, além de escapar ao controle do Poder Público e do Ministério Público”. Na ação, o instituto aponta que a Constituição “estabelece que compete à União representar e agir em nome da federação em âmbito internacional. Dessa forma, qualquer ação judicial proposta no exterior pelos municípios deveria contar com a anuência da União, garantindo a coerência e a unidade da representação internacional do Brasil”.

A petição do Ibram indica nominalmente 60 municípios que ajuizaram ações na Inglaterra, Holanda, Alemanha e Estados Unidos contra empresas como Vale, BHP e TÜV SÜD, buscando ressarcimento pelos danos causados por desastres ambientais como os rompimentos de barragens em Mariana e Brumadinho.

Prefeituras reagem

Em posicionamento interno, o Consórcio Público de Defesa e Revitalização do Rio Doce (Coridoce) manifestou a seus membros ter, obviamente, posição contrária à ação do Ibram, classificando-a como uma “tentativa desesperada de cercear o direito dos municípios de receberem um ressarcimento justo”. O consórcio acusa o Ibram de defender claramente os interesses das mineradoras e tentar prejudicar não só os municípios, mas todas as vítimas desses desastres.

Em junho, a Associação Mineira dos Municípios (AMM) e a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) pediram para ingressar ao processo como amicus curiae. As duas entidades também defendem o direito dos municípios de buscarem indenizações fora do país.

Ingleses vão julgar em outubro

A tragédia de Mariana aconteceu em 2015, matando 19 pessoas, destruindo distritos, e provocando os maiores danos ambientais do país.

O julgamento da ação de municípios mineiros e capixabas contra a BHP Billiton, controladora da Samarco junto da Vale, está marcado para 7 de outubro deste ano e deve durar 14 semanas. Vão participar das audiências os advogados das mineradoras e o escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa os atingidos nos tribunais.

O processo é movido por 700 mil atingidos que pedem indenização de R$ 230 bilhões da BHP Billinton.

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