Denúncia da PGR contra Bolsonaro tem relatório da Inteligência do DF que cita bloqueio de refinarias em Minas

Barricadas em pontos de distribuição de combustíveis aconteceriam em caso de sucesso dos atos antidemocráticos em Brasília
O ex-presidente Jair Bolsonaro.
O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Apresentada nesta terça-feira (18) ao Supremo Tribunal Federal (STF), a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado faz menção a um documento da Subsecretaria de Inteligência do Distrito Federal que cita Minas Gerais. O relatório, entregue à cúpula da Segurança Pública do DF dias antes dos atos de 8 de janeiro, aponta a intenção de manifestantes golpistas de instalar acampamentos ou bloqueios em locais como refinarias e distribuidoras de combustíveis. Minas está na lista de estados que sediariam as barricadas.

“Como desdobramento dos atos mencionados acima (atos de rua previstos para acontecer entre 6 e 8 de janeiro), aventa-se a realização de uma “greve geral”, a partir do dia 09JAN23, a qual teria apoio de segmentos específicos, tais como, agronegócio e caminhoneiros. Cita-se que a hashtag #GreveGeral teve destaque na trending topics em D3JAN23. Instalação de acampamentos e/ou bloqueios em locais como refinarias e/ou distribuidoras de combustível, destacando-se estados do RJ, SP, PR, CE, MG, RN e PE; Impedir o acesso de servidores aos órgãos; ocupar órgãos públicos que representam os três Poderes”, lê-se em trecho do relatório do setor de Inteligência.

Anderson Torres, um dos denunciados pelo chefe da PGR, Paulo Gonet Branco, era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no início de 2023. Ele foi ministro da Justiça em parte do governo Bolsonaro. No documento, Gonet diz que e Torres e Marília Ferreira de Alencar, subsecretária de Inteligência à época dos atos de 8 de janeiro “já haviam aderido aos planos da organização criminosa desde muito antes”.

“Nesse sentido, a inércia da cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, diante de alertas claros sobre as intenções violentas dos manifestantes, coloca em evidência a continuidade da contribuição dos denunciados ao projeto antidemocrático da organização criminosa”, escreveu Gonet.

Informação restrita

O relatório da área de Inteligência da Segurança Pública de Brasília citado por Gonet apontou a possibilidade de invasão a prédios públicos e chegou a aventar a hipótese da ocorrência de atos violentos.

“A informação crítica, contudo, permaneceu restrita ao círculo mínimo dos denunciados, não alcançando as instâncias que poderiam ter tomado providências eficazes. Robustece a omissão deliberada da cúpula de segurança do Distrito Federal a ausência de medidas concretas ante os alertas emitidos pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sobre o crescente risco de violência”, concluiu o procurador-geral.

Antes do cargo no governo de Ibaneis Rocha (MDB), Marília Alencar trabalhou com Anderson Torres no Ministério da Justiça. Delegada da Polícia Federal, ela chefiou a instância de Inteligência da pasta federal.

“(Anderson e Marília) coordenaram a utilização indevida da estrutura da Polícia Rodoviária Federal para obstaculizar o trânsito de eleitores a zonas eleitorais em regiões do Nordeste, onde detectaram votação mais expressiva em Lula da Silva. O objetivo era, como agora, situar JAIR
BOLSONARO no Poder”, assinala Gonet.

Leia também:

Cidadania rompe federação com PSDB, marca data para o ‘divórcio’ e já pensa em nova aliança

A resposta de Tadeu Leite às queixas de aliados de Zema por mudanças na ALMG

Deputados pedem reunião com Vale sobre negociação de Brumadinho

Veja os Stories em @OFatorOficial. Acesse