Exclusivo: Demissão de Weintraub pela CGU concluiu que ele não mora no Brasil

Abraham Weintraub foi demitido da Unifesp por faltar ao serviço. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O processo na CGU que levou à demissão de Abraham Weintraub do cargo de professor da Unifesp concluiu que ele não mora no Brasil.

É o que mostram documentos a que O Fator teve acesso via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Já era público que Weintraub mora nos Estados Unidos, mas não que isso consta do processo na CGU.

“Do exposto, conclui-se que o Sr. Weintraub não reside no Brasil, inclusive sua filha frequenta uma escola americana, e por esta razão, constata-se ser impossível conciliar seu domicílio com sua jornada de trabalho na Unifesp”, diz o relatório final da CGU.

“O fato é que o Sr. Weintraub permaneceu no Brasil nos anos de 2022 e 2023 por apenas 82 dias”.

A demissão de Weintraub, determinada pela CGU, foi publicada no mês passado.

Da documentação consta um e-mail enviado por Weintraub em 8 de setembro de 2022 para a direção de uma escola no estado do Maryland.

“No entanto”, com relação à Unifesp, segue a CGU, “o que se verificou foi um tratamento completamente distinto: além de se ausentar e não comunicar acerca dessas faltas, desconsiderou as mensagens de correio eletrônico enviadas pela entidade pública e nunca as respondeu pessoalmente”.

Weintraub ingressou como professor na Universidade Federal de São Paulo em 2014. Anos depois, aproximou-se do clã Bolsonaro.

Participou no fim de 2018 da equipe da transição do governo Temer para o Bolsonaro. Em abril de 2019, foi nomeado ministro da Educação após a saída de Ricardo Vélez Rodríguez, humilhado por Tabata Amaral em audiência na Câmara.

Após a divulgação do vídeo da reunião ministerial em que aparece dizendo “Por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”, Weintraub viajou para os EUA em junho de 2020, com ajuda do governo Bolsonaro. Na época, os EUA estavam fechados para visitantes oriundos do Brasil. Com status de ministro, ele poderia ter driblado a quarentena imposta pelo governo Trump. A carta de demissão de Weintraub do cargo de ministro da Educação não tem data.

Weintraub anunciou que deixaria o MEC em 18 de junho, o mesmo dia em que Fabrício Queiroz foi preso na chácara de Frederick Wassef em Atibaia.

A ideia de levar ministros do STF para a cadeia, como sabemos hoje, continuou sendo discutida no governo Bolsonaro muito depois da ida de Weintraub aos Estados Unidos.

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