Os apelos da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), por uma unidade dos partidos de esquerda em torno de uma candidatura única à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), não sensibilizam o presidente estadual do PDT, o deputado federal licenciado Mário Heringer. Ele é um dos articuladores da pré-candidatura da deputada federal pedetista Duda Salabert, mantida por sua legenda na corrida eleitoral. Marina, aliás, está em Belo Horizonte nesta quinta-feira (11) a fim de participar de um ato para oficializar o embarque da Rede na campanha de Rogério.
A O Fator, Heringer destacou a admiração pela liderança de Marina e pela atuação da ministra nos temas ambientais, mas disse que, em Belo Horizonte, não tende a acompanhá-la.
“Temos uma grande responsabilidade com a nossa cidade e também com o nosso partido”, afirmou, em tom de defesa aos planos do PDT de lançar Duda na corrida pelo Executivo municipal.
O presidente do PDT mineiro foi convidado para o evento com Marina, mas não poderá comparecer por causa de compromissos previamente agendados.
Mudança de rota
A Rede iniciou o ano tendo a deputada estadual Ana Paula Siqueira como pré-candidata à prefeitura. No mês passado, Ana e Duda chegaram a anunciar uma aliança para a disputa municipal, em uma espécie de “troco” à união firmada entre Rogério Correia e a deputada estadual Bella Gonçalves, à época pré-candidata do Psol.
Na semana passada, porém, Ana Paula retirou a pré-candidatura e bateu o martelo sobre o apoio a Rogério. A Rede Sustentabilidade e o Psol, vale lembrar, compõem uma federação partidária e devem caminhar juntos nas disputas por todas as prefeituras do país.
Mais cedo, mas ainda nesta quinta, Bella Gonçalves oficializou um movimento já esperado nos bastidores: a retirada de sua pré-candidatura em prol de uma chapa encabeçada por Rogério. A coalizão, até aqui, tem, além de PT, Psol e Rede, as presenças de PCdoB e PV — que formam uma federação com os petistas.
PT e Psol, agora, lideram um movimento chamado “Unifica Beagá”, construído com o objetivo de aglutinar partidos à esquerda em torno de uma só candidatura. O objetivo, agora, é atrair o PDT para a coligação.
“Neste momento, para avançar, vamos construir a campanha de unidade do campo progressista. Vou ficar responsável por ajudar a coordenar a campanha de Rogério”, indicou Bella.
Necessidade de unidade é consenso
No PDT, também há a avaliação de que é preciso arquitetar uma frente ampla do campo progressista em BH.
Mário Heringer acredita que o nome de Rogério Correia terá dificuldades para emplacar. Segundo ele, o antipetismo ainda é uma força política de grande potencial de mobilização. Apesar disso, o dirigente segue em conversas com outras legendas à esquerda com o objetivo de atraí-los para a campanha de Duda.
“Duda é hoje a candidata mais bem posicionada desse campo ideológico. Temos que construir uma unidade vencedora”, assinala.
No início da semana, Heringer já havia mencionado a existência de “preconceito” de setores da esquerda com Duda Salabert. Ele reforça o apontamento.
“Uma das principais características da esquerda é a inclusão. Mas isso se confirma com a prática, não apenas nos discursos”, assinala.
Rogério vê aspiração de Duda como ‘legítima’
De acordo com Rogério Correia, uma eventual candidatura de Duda é “legítima” — sobretudo por causa da boa votação obtida pela parlamentar em 2022. A vaga de vice na chapa liderada pelo PT está em aberto. O plano é utilizar esse trunfo durante as negociações para conseguir o apoio de mais partidos.
“Reunimos, agora, cinco partidos, com o apoio do presidente Lula. Isso nos coloca na demanda de buscar essa unidade, colocando nosso nome como o melhor que pode costurar essa unidade, mas sempre aberto à discussão com ela (Duda)”, falou Rogério.
Na semana passada, dias antes da definição do apoio da Rede à chapa petista, Rogério, Ana Paula, Bella e Duda se reuniram para tratar da conjuntura eleitoral em BH.
À esquerda, além das pré-candidaturas de PDT e PT, há o nome de Indira Xavier, que pode representar a Unidade Popular nas urnas.