Um dos motivos para o sucesso das nações desenvolvidas é a profícua união entre o Poder Público e a iniciativa privada. E a razão é simples: aos empresários e trabalhadores cabe produzir riqueza, circular renda e promover impostos ao Estado, e ao setor público resta a tarefa de administrar os recursos de forma justa e eficiente.
Fruto dessa lógica, surgiram, já há algum tempo, as tais PPPs (Parcerias Público Privadas), que não apenas trouxeram mais eficiência e qualidade às obras estruturantes e aos projetos necessários, como costumam ser mais baratas do que quando a cargo dos governos – em todas as esferas (municipal, estadual e federal).
Em Belo Horizonte, a despeito de tantas e tamanhas carências em regiões e bairros mais pobres, como de modo geral por toda a cidade, na área limítrofe com Nova Lima (bairros de classe média alta e comércio sofisticado), na região metropolitana de BH, encontram-se alguns de nossos piores gargalos de infraestrutura urbana.
Caos generalizado
O trânsito caótico, que custa não apenas muito tempo e dinheiro a quem é obrigado a circular diariamente pelo local, mas que causa mortes pela impossibilidade ou atraso de se chegar a alguns dos hospitais da região, talvez seja o mais aparente. Mas outro, tão indigno quanto, são os milhares de pedestres sem calçadas para caminhar.
Como nas cenas de filmes de ficção, ou documentários sobre países paupérrimos, em filas indianas intermináveis trabalhadores e estudantes marcham em pânico às margens das rodovias MG-030 e BR-356, dividindo o espaço com carros, motocicletas e caminhões, rezando a Deus para conseguirem ir e vir sem ser atropelados.
No trecho compreendido entre a concessionária de automóveis Jorlan e o novo centro de entretenimento e lazer recém-inaugurado, Espaço 356 – uma belezura de local, aliás -, da EPO, uma área enorme, à margem da BR, pertencente à Copasa (empresa controlada pelo governo de Minas), encontra-se em obras.
A hora é agora
Eu pergunto: não seria o momento para construir uma calçada decente por lá? Um pequeno alargamento do passeio e sem buracos? Ainda que com auxílio financeiro – através de uma PPP, ou não, pouco importa – dos empreendedores, que teriam seus milhares de funcionários chegando e saindo do trabalho com alguma segurança?
Ano passado, a Copasa anunciou lucro líquido de 1,38 bilhão de reais e investimentos na ordem de 676 milhões. Já o BH Shopping, o Espaço 356, o Mercado de Origem, a Leroy Merlin, os motéis e restaurantes daquela região também são negócios saudáveis, pertencentes a grupos com faturamentos robustos.
O elo mais fraco e desamparado – e sob extremo risco – nesse “ecossistema” é o cidadão comum, que precisa do olhar atento e cuidadoso destes entes poderosos. Falamos de pessoas mais velhas, outras com dificuldade de locomoção e também de mulheres expostas a riscos de violência sexual por causa da escuridão e do matagal.
Este O Fator, especialmente este colunista – sempre crítico e vigilante – faz um apelo aos agentes públicos e privados responsáveis para que, em conjunto, retirem aquele trecho desta condição deplorável, similar a de países com populações de retirantes. Alô, empresários, Copasa, Ministério Público de Minas Gerais e DER… bora lá?