Com Kalil, Tramonte pode perder apoio de empresários e da direita

Rejeitado por grandes empresários e enfrentando críticas dos atleticanos, é aposta de risco à esta altura da corrida eleitoral
Tramonte pode perder mais do que ganhar com apoio de Kalil
Pode "dar ruim" para Tramonte (Foto: Divulgação)

A gestão Alexandre Kalil, frente à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), ficou marcada por uma política urbana desastrada – e desastrosa! -, a cargo de sua ex-secretária, Maria Caldas, umbilicalmente ligada às mais retrógradas crenças do Partido dos Trabalhadores (PT), que praticamente paralisou o setor imobiliário da cidade, fazendo a alegria de municípios vizinhos (sobretudo Nova Lima), que assistiram a um acelerado crescimento no número de obras e moradores, lhes trazendo novas receitas e crescimento econômico, além, é claro, agravando o caos na já truncada mobilidade intermunicipal da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

O ex-prefeito – um mal-sucedido empresário do ramo de construções – parecia ter “aberto guerra” contra um dos mais importantes segmentos da economia local: “O Kalil se voltou contra o setor, mas, na verdade, estava se voltando contra Belo Horizonte”, pontuou um importante empresário da cidade que atua na construção civil há mais de 30 anos. “Seu plano diretor foi devastador, inviabilizou centenas de obras e impediu a contratação de milhares de empregos. Quanto isso não custou à cidade? Quanto tempo levaremos ainda para recuperar o que perdemos?”. E concluiu: “Pior ainda foi o legado dele e da Maria Caldas, que aparelharam a Prefeitura até hoje”. 

Por isso, caiu como uma bomba atômica no mundo empresarial de Belo Horizonte, a notícia de que Alexandre Kalil será o coordenador de campanha do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) à Prefeitura de BH. Ao lado do atual prefeito, Fuad Noman (PSD), e do deputado estadual Bruno Engler (PL), o apresentador do Balanço Geral, da Record Minas, aparece na liderança da pesquisa estimulada de O Fator/Ver, à frente de Engler e Fuad, e em segundo lugar na pesquisa espontânea, atrás apenas do atual prefeito de BH, que lidera com 8% (Tramonte tem 6%). Para parte do empresariado belo-horizontino, o retorno de Kalil à PBH seria um grande retrocesso.

Jogada de extremo risco

A pesquisa O Fator/Ver mostrou que Kalil perdeu importância como “cabo eleitoral”. Apenas 30% dos eleitores disseram que seu apoio influencia positivamente. Lado oposto, 30% disseram que influencia negativamente, e 37% disseram ser irrelevante o apoio do ex-presidente atleticano, recentemente envolvido em mais uma polêmica após uma entrevista do sócio majoritário da SAF do Galo, Rubens Menin, ao ge, da Globo, acusando-o de promover um “trem da alegria” ao Marrocos, em 2013, quando o Atlético disputou o Mundial da Fifa, levando cerca de 50 convidados, com tudo pago pelo Clube. A farra teria custado aos cofres alvinegros mais dinheiro do que o prêmio recebido pelo CAM.

Não são segredos os problemas judiciais de Alexandre Kalil, bem como os constrangedores depoimentos colhidos na CPI do Abuso de Poder, ocorrida na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) em 2023. Uma prestadora de serviços da Prefeitura e do Atlético declarou que pagava despesas pessoais de Kalil com seu próprio cartão de crédito, e depois era reembolsada, em “dinheiro vivo”, escapando, assim, do sistema bancário e dos órgãos de controle. Além disso, o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito, assinado pela vereadora Fernanda Altoé (Novo), apontou que o Atlético foi prejudicado pela gestão de Kalil e que sofreu enormes prejuízos durante a construção da Arena MRV.

O anúncio da parceria com Tramonte, portanto, poderá ser um verdadeiro “tiro no pé” do candidato republicano. Altamente rejeitado por grandes empresários locais e enfrentando pesadas críticas no mundo atleticano, Kalil é uma aposta de risco à esta altura da corrida eleitoral. Até porque, convenhamos, será difícil explicar ao eleitorado conservador e evangélico, de direita, que um ex-aliado do presidente Lula, muito próximo às esquerdas de Belo Horizonte, será, agora, um “direitista”. Kalil é um político demagogo e populista e sabe como poucos se comunicar com o “povão”, mas “fazer arminha” e se declarar um “patriota em nome de Deus e da família”, será certamente bastante difícil de acreditar.

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