Sindicatos que representam servidores da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) se organizam para levar, à Assembleia Legislativa (ALMG), uma cópia da ata da reunião realizada no saguão da sede da estatal, em Belo Horizonte, na quinta-feira (13).
O encontro, organizado às pressas, aconteceu após uma reunião com representantes da empresa ser cancelada de última hora. A ideia era conversar com a cúpula da empresa a respeito do futuro aumento na alíquota de contribuição do Cemig Saúde, plano de assistência médica ofertado aos eletricitários.
A ata da reunião das entidades de classe será entregue aos deputados estaduais nesta quarta-feira (19), durante reunião da Comissão do Trabalho da Assembleia. Segundo apurou O Fator, o documento reivindica uma cobrança formal à Cemig por causa do cancelamento da agenda — o que, na visão dos sindicatos, foi fruto de decisão da estatal.
Na semana passada, Emerson Andrada, coordenador-geral do Sindieletro, disse à reportagem que a Cemig a estatal questionou o número de representantes designados pelas entidades de classe. Depois, segundo o dirigente, a companhia teria apontado dificuldades para acomodar, em uma sala no edifício-sede, todos os participantes da reunião. Ainda conforme Andrada, a empresa problematizou o fato de alguns dos indicados para o encontro não serem ligados ao Sindieletro.
Interlocutores da Cemig, por sua vez, asseguram que a lista de componentes da reunião não foi previamente acordada. Ainda segundo fontes da estatal, houve divergências quanto à participação de parlamentares na mesa de negociação, uma vez que, para a conversa da semana passada, foram chamados apenas os deputados Leleco Pimentel (PT) e Professor Cleiton (PV), de oposição ao governador Romeu Zema (Novo).
Em que pese o conflito de versões, o deputado Betão (PT), que preside a Comissão do Trabalho da Assembleia, afirmou a O Fator que vai acionar a Cemig para buscar explicações sobre o caso.
“Em audiência (pública) no dia 12 de março, o presidente da Cemig, Reinaldo Passanezi, e o presidente da Cemig Saúde, Anderson Ferreira, se comprometeram a realizar quantas reuniões fossem necessárias para resolver a situação. Está gravado. Vamos retomar essa fala porque é inadmissível os trabalhadores buscarem uma solução e darem com a cara na porta sem justificativa plausível para não ocorrer a reunião. Vamos continuar com o processo de negociação”, afirmou.
Entenda o impasse
O imbróglio em torno do aumento no plano de assistência médica dos trabalhadores não gira apenas em torno do aumento, para 60,5%, da alíquota paga pelos funcionários. Sindicatos também têm questionado o fim da contribuição patronal.
Na semana passada, Passanezi atribuiu o encerramento dos repasses feitos pela companhia ao fim de um acordo firmado com os sindicatos. Conforme o executivo, a companhia tenta, desde 2021, renegociar o trato — sem sucesso. O imbróglio gerou a busca por conciliação na esfera judicial, o que também não encontrou êxito. Diante da situação, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) extinguiu o acordo.
Anderson Ferreira, por sua vez, afirmou que a adoção do índice de 60,5% configura “variação igual ou menor à do mercado de planos de saúde”.