Há alguns dias participei, como membro da sociedade civil e Presidente da UNIVIVA – associação civil criada em 2017 como sucessora do movimento “Frente de Associações e Condomínios do Vetor Sul” -, que tem dentre seus objetivos estatutários “aglutinar interesses na busca de soluções, correções ou que reflitam interesses de meio ambiente, aspectos viários e urbanísticos, na região entre Belo Horizonte e Nova Lima, e regiões vizinhas”, da reunião solene realizada sob coordenação do Dr. Jarbas Soares, Procurador-Geral do MPMG.
No auditório do órgão literalmente lotado, com a presença do governador do Estado, dos prefeitos de BH e NL, do procurador da República, do IEF, da União e de tantos outros, foi celebrado acordo que dará condições para um projeto que solucione, ou pelo menos amenize, a situação caótica da região do encontro do Belvedere com Nova Lima.
Registro que o Acordo foi celebrado nos autos da Ação Civil Pública 1010301-98.2022.8.01.3800, da qual a UNIVIVA foi admitida na qualidade de “amicus curiae”, em face da sua legitimidade e regularidade como associação civil, ao contrário de outras associações que não têm regularidade de representação.
Na solenidade da assinatura do acordo, foi dito pelos Prefeitos de BH e NL, e outros que os seguiram nas falas, que estavam “derrubando o muro que separa as duas cidades”.
Isto me trouxe uma reflexão: todo muro tem um alicerce que o sustenta. Como decidir qual lado “está certo”, ou para qual lado o muro pode cair? Mais: o que fazer com o alicerce?
Para os que moram ou transitam nessa tumultuada região, não existe solução simplista. Se um lado do muro clama e precisa de uma solução viária para pelo menos minorar o trânsito caótico, o outro clama por preservar o meio ambiente e por um parque que, hoje, se limita a algumas árvores sem nenhum paisagismo ou mobilidade para visitação.
O que percebi nas falas e no sentimento de todos que lá estavam, é a sincera vontade de atender aos dois anseios, com uma solução urbanística que minimize o caos existente, evitando um maior adensamento da região, respeitando o direito de propriedade em harmonia, com o interesse coletivo, e, por fim, contemplar a criação de dois parques interligados, tudo dentro de uma solução viária moderna, visando a efetiva melhoria da qualidade de vida dos moradores do Vila da Serra e do Belvedere, e daqueles que pela região transitem.
Defender a restrição de utilização dessa área comum com um único objetivo – seja só um parque ou uma nova avenida, é ficar olhando e preso a apenas “um dos lados do muro”.
Que tal muro efetivamente seja derrubado, e que o alicerce que hoje o suporta tenha a destinação prometida.