A crítica no Tribunal de Contas mineiro às isenções fiscais do governo Zema

Conselheiro Agostinho Patrus colocou as práticas da gestão estadual na mira; governo defende que atos geram emprego
Corte analisou as contas do governo estadual na gestão 2022. Foto: TV TCE

O conselheiro Agostinho Patrus, do TCE-MG, criticou o aumento significativo das isenções fiscais no estado durante votação das contas do governo Zema referentes à gestão de 2022, nesta quarta-feira (4). Em sua fala, Patrus destacou que os incentivos fiscais, antes insignificantes, agora representam mais de 10% da receita corrente líquida do estado. Já o governo de Minas defendeu, em nota, a prática, pontuando que os atos geram empregos e movimentam a economia (veja o posicionamento no final do texto). Apesar dos questionamentos, as contas foram aprovadas pela Corte.

Patrus ressaltou que o volume atual de isenções fiscais se aproxima de gastos e despesas constitucionais obrigatórias do estado. O conselheiro questionou se esses incentivos, que favorecem principalmente empresas, estão de fato gerando benefícios para a população mineira.

Um ponto crítico levantado por Patrus é a falta de transparência e dificuldade de acesso às informações sobre essas isenções. Ele mencionou a resistência da Secretaria da Fazenda em fornecer dados detalhados, citando o sigilo fiscal como justificativa.

Preocupações com o Processo de Concessão

O conselheiro expressou inquietação quanto à forma como os incentivos estão sendo concedidos, apontando que parecem beneficiar empresas específicas em vez de setores econômicos inteiros. Além disso, Patrus criticou o fato de que essas decisões não passam pelo crivo do Poder Legislativo, dificultando o acompanhamento e fiscalização por parte dos parlamentares.

Patrus assumiu o compromisso de realizar um estudo minucioso sobre cada aspecto das isenções fiscais na prestação de contas do Governo do Estado para o ano de 2024. Ele enfatizou a importância de garantir que os recursos públicos sejam utilizados de forma transparente e benéfica para a população, citando áreas como saúde e educação que poderiam se beneficiar desses fundos.

Não é a primeira vez que o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) aborda a questão das isenções fiscais. Em 2022, o TCE-MG já havia recomendado ao governo estadual que realizasse estudos sobre o impacto das renúncias de receitas nas finanças públicas, conforme informado no site oficial do tribunal.

O que diz o governo

Segundo o governo de Minas, as regras de isenções fiscais são as mesmas desde 2007, quando o Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) determinou que toda nova isenção precisaria ser aprovada pelo Conselho.

“Desde então, os regimes especiais seguem determinadas regras que toda empresa de cada setor é elegível se seguir as contrapartidas determinadas pra conseguir o benefício. Entre os exemplos de contrapartidas estão transferir partes das atividade para Minas, gerando mais emprego e renda e aumentando a arrecadação acima do que o Estado concede de isenção. Como exemplo, no caso de isenção para aviação, as empresas precisam ter o centro de manutenção de aeronaves em Minas e aumentar o número de voos diretos de Confins para destinos nacionais e internacionais. Esse instrumento foi fundamental para Minas atrair mais de 440 bilhões em investimentos e 909 mil empregos na gestão Zema”.

Leia também:

Zema diz a Haddad que Propag foi ‘mutilado’ por Lula e fala em ‘boicote’ do governo federal

Os detalhes da reforma administrativa articulada por Marília em Contagem

Impasse judicial deve empurrar definição de vaga para conselheiro do TCE de MG para 2026

Veja os Stories em @OFatorOficial. Acesse