Ação judicial, indicações e suplentes: como divergências no União Brasil podem interferir no governo Fuad

Agremiação fruto da fusão entre PSL e DEM enfrenta até disputa nos tribunais entre vereadores
Vereadora Janaína Cardoso
Janaína Cardoso divulgou uma nota em que chama o vereador Preto de “adversário de partido”. Foto: Dara Ribeiro/CMBH

A iniciativa do vereador Preto de acionar a Justiça Eleitoral para tentar cassar o mandato de sua colega de partido, a parlamentar reeleita Janaína Cardoso, tem sido interpretado por interlocutores como o sinal de uma disputa interna no União Brasil em Belo Horizonte. Na legenda, que abriga o vice-prefeito eleito Álvaro Damião, há incertezas quanto à participação dos filiados no segundo governo do prefeito Fuad Noman (PSD).

Nessa segunda-feira (18), Janaína Cardoso divulgou uma nota em que chama o vereador Preto de “adversário de partido”, termo raramente usado entre lideranças de uma mesma legenda. No texto, a vereadora nega as acusações apresentadas por seu correligionário sobre o suposto uso indevido de uma unidade móvel que oferece serviços de saúde e afirma ter confiança de que o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) garantirá o pleno exercício do mandato para o qual foi reeleita em outubro.

Nos bastidores, interlocutores da prefeitura afirmam que, nas últimas semanas, vários cenários vêm sendo discutidos no União Brasil e no Executivo a fim de garantir a participação do partido na administração. Em um deles, Janaína poderia assumir um posto ligado ao setor de Turismo. Assim, Preto, primeiro suplente na chapa, manteria seu mandato na Câmara.

Em outra possibilidade, Janaína seguiria na Câmara, com Preto assumindo um cargo na prefeitura. Há, ainda, uma terceira composição: Janaína e Preto iriam para o governo, abrindo espaço para que o segundo suplente, Pablo Tiago, tome posse como vereador. Esta hipótese foi levantada porque, segundo afirmam fontes próximas ao governo, Pablo contaria com o apoio do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL).

Ainda segundo fontes ligadas ao Executivo, o pós-eleição já estaria apresentando as primeiras divergências internas na prefeitura. Isso porque Álvaro Damião estaria tendo dificuldades na interlocução com o secretário municipal de governo, Anselmo Domingos, um dos homens de confiança de Fuad.

Em que pese as divergências internas, o União Brasil teve papel importante na reeleição de Fuad. O diretório nacional da sigla, fruto da fusão entre os extintos PSL e Democratas, fez a maior doação para a campanha do pessedista: cerca de R$ 7,5 milhões.

Atualmente, o partido ocupa, entre outros cargos, a Secretaria Municipal de Educação, chefiada por Bruno Barral, aliado de ACM Neto, ex-prefeito de Salvador (BA) e um dos principais caciques nacionais do União.

O Fator entrou em contato com as assessorias do vereador Preto e do vice-prefeito eleito Álvaro Damião, que até o momento, não se manifestaram oficialmente.

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