Após uma audiência pública marcada por acusações e críticas ao presidente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Reynaldo Passanezi Filho, nesta terça-feira (11), deputados estaduais definiram o próximo passo da mesa de negociações entre a estatal e servidores, cujos representantes sindicais questionam um possível aumento nas alíquotas do plano de saúde corporativo. A ideia dos parlamentares é eleger uma comitiva de integrantes da Assembleia Legislativa para acompanhar, in loco, uma reunião entre representantes classistas e emissários da cúpula da empresa, na quinta-feira (13).
Durante a audiência, Passanezi foi acusado de utilizar o cartão corporativo da estatal para cobrir supostos gastos pessoais em torno de R$ 400 mil. O dirigente, que não respondeu à denúncia, feita pelo deputado Leleco Pimentel (PT), aproveitou o encontro com os parlamentares para apresentar as ações feitas pela Cemig desde o início de sua gestão, em 2019.
Presidente da sessão, o deputado Betão (PT) criticou a postura da energética nas negociações com servidores sobre a decisão judicial em vigor que pode, a partir do próximo aumentar em até 200% os valores pagos pelos funcionários ativos e inativos da companhia para ter acesso aos planos da Cemig Saúde.
“Falar em crise financeira e falta de aporte para custear um plano de quase 60 mil pessoas, que hoje representa menos de 1% para a Cemig, é ignorar o cuidado com a saúde dos trabalhadores e reforçar que só quem lucra nesse jogo são os acionistas da empresa. Reajuste, quero ressaltar, que em qualquer empresa preocupada com a saúde dos seus funcionários seria feita de forma gradual e de acordo com cada categoria”, apontou.
Passanezi, ao apresentar o balanço de sua gestão, afirmou que, quando assumiu a presidência, a estatal tinha “pouca geração de caixa e pouco investimento”. O executivo ainda disse que a empresa vem buscando, desde 2022, junto aos sindicatos, um novo acordo sobre o plano de assistência médica
Cartão corporativo
A denúncia exposta por Leleco Pimentel sobre o suposto uso indevido do cartão corporativo, por sua vez, estaria embasada em documentos da consultoria contábil Ernst & Young. A empresa, segundo anunciado pelo petista, vinha questionando as despesas da estatal com executivos.
Por isso, em novembro de 2023 a diretoria da Cemig teria estipulado uma norma de uso que definia os gastos com cartão corporativo como “verba de representação”, que teriam que ser destinadas para o pagamento, por parte dos diretores a companhia de luz, de refeições junto com terceiros, em situações de cunho institucional e profissional relacionadas às atividades na companhia.
Ainda segundo o deputado estadual Leleco Pimentel, foram identificados, na fatura do cartão atribuído a Passanezi, gastos com assinaturas de serviços de streaming, entradas para parque aquático em um resort na América Central, bebidas alcóolicas e despesas em locais onde o presidente não cumpria agenda.
“Nós estamos diante de um ‘rei’. O nome é Reynaldo, mas me parece que é um rei. Se Minas fosse um país, certamente ele teria sido um rei impositor. Ele veio com a sua corte de São Paulo para desestabilizar, desestatizar e privatizar a Cemig”, afirmou Leleco
O Fator questionou a Cemig sobre as denúncias apresentadas pelo parlamentar. O espaço segue aberto para manifestação.