O discurso do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), em defesa da postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ante as dívidas dos estados, nesta terça-feira (11), em Betim, não estava previsto. Silveira falaria apenas de temas ligados à inauguração da planta produtiva da Stellantis, empresa anfitriã do evento. Uma fala do governador Romeu Zema (Novo) a respeito da situação fiscal de Minas Gerais, entretanto, mudou os planos do ministro.
Segundo interlocutores ouvidos por O Fator, Silveira tomou a decisão de tratar do assunto para defender Lula. Minutos antes, Zema havia criticado os juros que incidem sobre o débito de Minas junto à União.
“O senhor (Lula) aprovou (o Propag), fazendo justiça com Minas Gerais e dando condições ao estado de se restabelecer, tratando Minas como Minas sempre tratou o senhor: dando a vitória (no estado) em todas as eleições que o senhor disputou”, afirmou.
Antes da fala do chefe da pasta de Minas e Energia, Zema chegou a mencionar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), para protestar contra a taxa que corrige os saldos devedores. Segundo ele, os juros atrasam o desenvolvimento do estado.
“Mais de um terço do saldo comercial (do Brasil em 2024) foi gerado nesta terra, que, hoje, tem dificuldades para manter as estradas boas e o ensino adequado, devido — e espero que tenhamos uma correção — aos juros que pagamos de uma dívida bilionária, que já é de 30 anos, ao governo federal”, assinalou.
Não foi a primeira vez que Silveira aproveitou um evento com Lula para mandar recados a Zema. Em junho do ano passado, durante a apresentação de políticas públicas do governo federal para o estado, em Belo Horizonte, o ministro pregou “respeito” ao funcionalismo público e afirmou que, até o início do governo petista, Minas Gerais ficou “carente” de articulação política.
A menção ao funcionalismo, à época, estava relacionada à sanção de um reajuste de 4,62% aos servidores, índice considerado insuficiente por representantes sindicais.