Andrade Gutierrez tenta reverter rescisão de acordo de leniência por fraudes na Cidade Administrativa

Construtora fez apelo ao governador Romeu Zema
Andrade Gutierrez tentou uma rediscussão dos valores. Foto: Divulgação.

A construtora Andrade Gutierrez protocolou recurso ao governador Romeu Zema (Novo) pedindo que o acordo de leniência entre o governo de Minas e a empresa não seja rescindido. A ruptura do acordo já foi, inclusive, oficializada e publicada, mas a empreiteira ainda tenta o recurso ao chefe do Executivo.

Pelo que O Fator apurou, no entanto, é difícil que Zema vá contra o que decidiram técnicos da Controladoria-Geral do Estado (CGE-MG). A expectativa é que a decisão de Zema seja feita ainda em outubro.

Como a rescisão do acordo é uma decisão tomada pelo secretariado e pela CGE, a “primeira instância” de recurso contra o ato é um apelo ao governador.

A decisão foi tomada pela falta de pagamentos da construtora às parcelas previamente acertadas no acordo. Procurada, a Andrade Gutierrez disse que não comentaria sobre o recurso.

Em 2021, a CGE mineira firmou o acordo de leniência com a Andrade Gutierrez por indícios de fraudes cometidas pela empresas nos contratos para a construção da Cidade Administrativa, entre 2005 e 2010. A empresa se comprometeu a pagar R$ 128,9 milhões em 32 parcelas trimestrais por conta dos ilícitos. Contudo, deixou de acertar cinco parcelas que somam a quantia de R$ 20 milhões.

empresa alegou dificuldades financeiras e solicitou um aumento considerável no prazo para pagar. Com a rejeição da proposta pelo Estado, a construtora cessou os pagamentos em abril de 2023.

Agora, sem o contrato, o montante total a ser pago pela empresa alcança R$ 323.411.908,41.

Negociação

A construtora Andrade Gutierrez tentou fazer um “acordo em cima do acordo de leniência” com o governo mineiro: a empresa, investigada e denunciada à Justiça por fraudes e corrupção na obra de construção da Cidade Administrativa, tentou por dois meses renegociar os valores do acordo original, acertado em 2021 nos valores de R$ 128,9 milhões.

O alto escalão do governo Zema até chegou a se reunir e ouvir as propostas feitas pela construtora, mas, em junho, o Estado entendeu que a empresa havia chegado ao teto de proposta de renegociação e decidiu por encerrar o acordo de leniência.

O que diz a Andrade

Veja na íntegra a nota enviada pela construtora na época da rescisão do acordo:

“A Andrade Gutierrez informa que foi notificada, em 19/09/24, pela CGE e AGE-MG, sobre a rescisão do acordo de leniência firmado com o Governo do Estado de Minas Gerais.

Importante esclarecer que tal decisão, injusta, não é definitiva. A empresa recorrerá para a autoridade pública superior e levará o assunto para discussão no âmbito do Poder Judiciário, se necessário for, para assegurar o direito absolutamente legítimo que lhe cabe de renegociar o perfil da dívida de seu acordo, tal qual tem sido reconhecido e aceito na esfera federal e demais esferas estaduais e municipais.

A Andrade Gutierrez ressalta que foi a única empresa leniente no Estado de Minas Gerais, que de fato já efetuou pagamentos ao Estado e, contraditoriamente, está sendo severamente punida por ter uma iniciativa colaborativa.

A Andrade Gutierrez está convicta da sua conduta transparente junto à CGE e AGE-MG e está confiante que uma decisão como esta será revertida, pois contradiz o entendimento de todos os demais entes federativos, com os quais a empresa mantém tratativas e que reconheceram as transformações do cenário econômico brasileiro e mundial que afetaram todo o setor de construção civil.

A decisão em questão atenta contra o propósito do instituto da leniência e vai de encontro ao interesse público, que tem por objetivo a preservação da função social das empresas, a geração de empregos e riquezas.

Assim sendo, a empresa acredita que não sofrerá as consequências de tal decisão injustificada e acredita ter, em instâncias superiores e no poder judiciário, reconhecido o direito de ajustar o perfil de pagamento da dívida, para adequá-lo à realidade da empresa no contexto atual do mercado brasileiro.”

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