O pedido de exoneração da secretária de Assistência Social da PBH, Rosilene Rocha, na tarde desta terça-feira (26), foi lido por interlocutores da Prefeitura de Belo Horizonte como um recado do PT ao prefeito Fuad Noman (PSD). Rosilene é ligada à ala petista mais próxima do deputado federal Patrus Ananias – pai do vereador Pedro Patrus.
Com a saída de Rosilene da pasta, perde-se “qualquer compromisso” a bancada do PT teria em votar e atuar junto à base de Fuad na Câmara. Há expectativas de que Patrus possa ainda conversar com o prefeito mas, nesta terça (26), o ex-secretário de Governo Josué Valadão foi nomeado para atuar interinamente na pasta. A propósito, interlocutores apontaram que Valadão ficou animado com a interinidade na pasta e a possibilidade de permanecer por lá até o fim do mandato.
A relação entre Rosilene Rocha e Fuad vinha se desgastando já há algum tempo. No final do ano passado, pressionado pela bancada cristã da Casa, o prefeito recuou na publicação de uma portaria que regulamentava lei federal para equiparar mulheres trans às mulheres cis em questões burocráticas, fato que irritou membros da secretaria.
Já neste mês, o prefeito determinou, também após ser pressionado por vereadores, que fossem retirados adesivos com as cores arco-íris e a frase “Bem-vindes” da porta do Centro de Referência LGBT+, gerido pela pasta de Rosilene.
O recado petista a Fuad acontece em timing complicado: parte do PT defende que o partido lance o deputado federal Rogério Correia para disputar a prefeitura. Nesta quinta (29), inclusive, o petista realiza evento de lançamento da pré-candidatura, que contará com a presença de nomes relevantes do PT nacional, incluindo a presidente do partido, Gleisi Hoffmann.
Apesar da coincidência de datas, é pouco provável que a saída de Rosilene tenha qualquer relação com as discussões eleitorais. Na semana passada, aliás, Pedro Patrus aprovou uma visita técnica da comissão de Direitos Humanos no Centro de Referência LGBT+. A visita deve acontecer nesta quinta.