O banco de investimentos BTG Pactual analisou a proposta da Vale em comunicado enviado a seus clientes e pontuou que, se a oferta for aceita, a Vale não precisaria aumentar suas provisões além dos atuais US$ 4,2 bilhões, o que seria visto como um resultado positivo. O BTG entende que a nova orientação de desembolsos e provisões registradas nos resultados do primeiro trimestre de 2024 já considerava os termos dessa proposta.
Nesta segunda-feira (29), a Vale informou ao mercado ter submetido uma nova oferta, no valor de R$ 127 bilhões, para a repactuação do acordo de reparação pelo rompimento da barragem de Mariana, em 2015, que deixou 19 mortos e dano ambiental ainda incalculável. A estrutura era administrada pela Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billiton.
Embora alguns investidores tenham apontado que R$ 127 bilhões pareça um valor alto, o BTG pontua que R$ 90 bilhões (excluindo desembolsos anteriores) significariam um total de US$ 9 bilhões para cada empresa envolvida, a Vale e a BHP Billiton. Considerando o cronograma de desembolsos até 2038 e a contribuição da Samarco, o banco acredita que esses valores fazem sentido e estão alinhados com os níveis atuais de provisão.
O BTG ressalta, no entanto, que esta é apenas uma primeira oferta da Vale. É provável que a empresa tenha ido com um valor menor que o esperado, e o banco não ficaria surpreso se o governo fizesse uma contraoferta mais alta. Se provisões mais baixas se materializarem efetivamente, isso abriria mais espaço para dividendos da Vale ainda este ano, de acordo com a análise do BTG Pactual. A proposta da Vale representa um passo importante para encerrar o longo processo judicial decorrente do rompimento da barragem de Fundão, que causou uma das maiores tragédias ambientais do Brasil.
Na quinta passada, O Fator mostrou que um interlocutor ligado às negociações pontuava que na proposta anterior, as empresas ainda estavam “R$ 30 bilhões atrás de uma proposta razoável”.