Após tentar impedir sepultamento de cacique, Vale diz respeitar ritos indígenas e buscar solução ‘na legalidade’

Mineradora disputa posse de área em Brumadinho
Ainda na resposta, a Vale afirmou que "busca construir uma solução com a comunidade que preserve suas tradições, dentro da legalidade".
Ainda na resposta, a Vale afirmou que "busca construir uma solução com a comunidade que preserve suas tradições, dentro da legalidade". Divulgação/Cimi

A mineradora Vale afirmou, em nota, lamentar o falecimento do Cacique Merong Kamakã e respeitar os povos indígenas em seus ritos de despedida. O posicionamento foi enviado aO FATOR depois que a empresa foi questionada por ingressar na Justiça estadual para tentar impedir que o sepultamento do cacique fosse realizado na região do Córrego das Areias, em Brumadinho. O sepultamento foi feito durante a madrugada desta quarta-feira (6) sem que os indígenas tivessem sido notificados judicialmente de uma decisão que atendia a Vale.

Segundo a empresa, o terreno é disputado judicialmente e, por isso, não poderia receber o sepultamento. De fato, há um processo de reintegração de posse tramitando na Justiça mineira para debater a propriedade da área.

Ainda na resposta, a Vale afirmou que “busca construir uma solução com a comunidade que preserve suas tradições, dentro da legalidade”.

A comunidade indígena afirma que o local escolhido para o sepultamento é um território sagrado e ancestral e que o indígena deve escolher onde será enterrado. Os indígenas defenderam que a área não está sob responsabilidade da Vale e que o sepultamento é um direito cultural e religioso.

A juíza responsável pelo caso entendeu que, como a região ainda é objeto de disputa judicial, o sepultamento de fato deveria ser impedido de ocorrer.

O cacique

O cacique Merong Kamakã Mongoió estava à frente da Retomada Kamakã Mongoió no Vale do Córrego de Areias em Brumadinho, município da região metropolitana de Belo Horizonte. Além de liderar as ações em prol dos direitos de seu povo, Merong militava em defesa dos territórios de outras comunidades, como a Kaingáng, Xokleng e Guarani.    

O líder indígena nasceu em Contagem (MG) e, na infância, foi morar na Bahia. “Quando criança, a vida era mais difícil porque não vendia o artesanato para subsistência, e também não tínhamos programas de apoio dos governos, o que pesava para uma família de seis irmãos”, escreveu o Museu do Índio na homenagem postada após sua morte.

Merong Kamakã Mongoió também atuou no Rio Grande do Sul. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o líder indígena participou ativamente da Ocupação Lanceiros Negros, iniciativa que contribuiu com as retomadas Xokleng Konglui no município gaúcho de São Franciso de Paula, e Guarani Mbya em Maquiné.  

Confira a nota da Vale na íntegra:

A Vale reitera seu pesar pelo falecimento do cacique Merong e se solidariza com seus familiares e comunidade indígena. A Vale respeita os povos indígenas e seus ritos de despedida e busca construir uma solução com a comunidade que preserve suas tradições, dentro da legalidade.

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