Mais uma vez no centro de polêmica, agora com graves problemas de estrutura que levaram o governo de Minas a decretar que quase 90% dos servidores trabalhem fora dos prédios, a Cidade Administrativa tem só 15 anos mas já registra um histórico considerável de tentativas para deixar de ser a sede governamental.
A primeira vez ocorreu em 2017, durante a gestão Fernando Pimentel (PT), quando a Codemig e a secretaria de Planejamento e Gestão chegaram a negociar com investidores estrangeiros que sondaram a possibilidade de adquirir, via concessão, o uso da Cidade Administrativa para transformá-la em um resort com cassino. Na época, o então presidente da Codemig, Marco Antônio Castello Branco, revelou à imprensa que o plano dos supostos investidores era converter os edifícios Minas e Gerais – hoje com problemas gravíssimos de estrutura – em hotéis, o Palácio Tiradentes – onde ficam os gabinetes do governador e vice – em área de cassino.
Essa negociação, apesar de ter sido iniciada, não avançou porque o Congresso desistiu de analisar, na época, a legalização dos jogos de azar. A ideia era uma das soluções que a gestão Pimentel buscava para tentar equilibrar as contas públicas – o governo chegou a considerar a receita da concessão em balanços do orçamento.
Mais recentemente, já na gestão Zema, novas tentativas. O governo sondou fundos de pensão que atuam com o aluguel e leilão de imóveis se teriam interesse na estrutura da Cidade Administrativa. A resposta foi negativa, considerando que o tamanho, localização e formato dos prédios são difíceis para o mercado.
Universidades também foram procuradas mas, até hoje, nenhum grande grupo educacional se interessou pelo imóvel, inaugurado em 2010, durante o governo Aécio Neves (PSDB).
Ao todo, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), a construção da Cidade Administrativa passou dos R$ 1,8 bilhão – valores de 2020, ainda sem correção. Em 2020, a Polícia Federal relatou à Justiça ter encontrado indícios de que o processo de licitação foi dirigido para que um grupo de empreiteiras vencesse a disputa. Havia, ainda, suspeitas de desvio de recursos públicos através de contratações fictícias, cujas prestações de serviços não foram executadas na obra. A investigação apontou que o prejuízo aos cofres públicos totalizaram quase R$ 747 milhões.