A Cemig planeja um desinvestimento de até R$ 8 bilhões nas participações minoritárias e controladas em conjunto por outras empresas. O dado foi apresentado ao Conselho de Administração da estatal mineira no início deste mês, durante reunião para tratar sobre o planejamento de 2024. O FATOR teve acesso a parte dos slides exibidos.
Além do desinvestimento bilionário, visto por deputados da oposição como uma “privatização às brancas”, a Cemig avalia adotar passos para se constituir como uma Corporate Venture Capital – que, na prática, passa a adotar medidas de gestão privada e envolve players do mercado financeiro em decisões do dia a dia da empresa.
A ideia de se desfazer dos investimentos que a empresa tem participação minoritária é justificada por interlocutores para que o plano de investimentos possa ser concretizado e para que a CEMIG consiga fazer frente as demandas em todo estado. Alguns dos investimentos que a empresa vendeu são em outras regiões do Brasil, como a Light (RJ), Renova (BA) e Belo Monte (PA).
Na apresentação feita ao Conselho de Administração, um dos caminhos propostos é o investimento de R$ 1 bilhão em tecnologia empresarial até 2027, a meta de atingir EBITDA (indicador utilizado para prever o lucro de uma empresa) de R$ 10 bilhões até 2027 e expectativa de investimentos com foco em MG de R$ 85,3 bilhões até 2032.
Na avaliação de interlocutores do Estado, é esperado que a Cemig passe a discutir internamente ações que envolvam o cenário de privatização uma vez que o próprio governo mineiro já sinalizou ter essa expectativa – no ano passado, o Estado enviou à Assembleia uma PEC que retira a obrigatoriedade de realizar um referendo estadual para permitir a venda das estatais.
Pelo modelo de Corporate Venture Capital, na proposta do que é estudado hoje, a Cemig obrigatoriamente teria que permanecer tendo a sede em Minas, mantendo o nome e com o Estado continuando tendo participação majoritária.
Atualmente, Minas é o único Estado brasileiro que possui uma estatal no ramo de energia. O plano da equipe de Romeu Zema é adotar o modelo Corporate para “fugir da burocracia que as estatais enfrentam e conseguir se equilibrar com a agilidade e eficiência que o mundo privado possui, mas fugindo do caminho de uma mera privatização tradicional”.
A principal crítica da oposição ao plano é a ausência de comunicação da empresa para tomar esses passos sem consultar os deputados – ou seja, realizar uma mudança na gestão da estatal sem a realização de debates dentro da Assembleia ou votação de projetos para essas alterações.