O fantasma da manipulação de resultados, que assombra o Carnaval no Rio de Janeiro há anos, parece que também chegou aos desfiles das escolas de samba de Belo Horizonte. Evento historicamente pouco valorizado pelos poderosos até agora, os desfiles deste ano na Afonso Pena receberam, por meio das escolas, investimentos nunca vistos antes. Para quem esteve presente, a festa marcou um novo tempo na cidade.
Longe dos olhos do poder público, o Carnaval de avenida é terreno fértil para todo tipo de especulação. A onda que atingiu escolas e público do Carnaval de 2024 é que o resultado final dos jurados, vencido pela modesta Estrela do Vale, do Barreiro, não refletiu o que foi visto na avenida. As favoritas para o título não ficaram nem entre as três mais bem colocadas e o resultado, mais uma vez, surpreendeu e levantou suspeitas.
Desde 2014, Canto da Alvorada e Venda Nova se revezam nos primeiros lugares. As duas, ao lado da Raio de Sol, fazem parte da liga. A Estrela de Vale, apesar de não fazer mais parte da Liga, já esteve na presidência da entidade, até o ano passado, e continua dando as cartas. Esse grupo de três ou quatro escolas definem as regras da disputa, contratam os jurados e cuidam de tudo relacionado ao desfile. Resta às demais escolas aderirem ao sistema ou abandonarem o evento, que seria lamentável para centenas de moradores das comunidades que veem no Carnaval único espaço de manifestação cultural.