As ‘mutações’ da campanha de Fuad para vencer Engler em BH

De sinais à esquerda a posições ao centro do espectro político, prefeito adotou diferentes estratégias com o passar das semanas
O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman
Fuad teve 53,73% dos votos válidos no domingo (27). Foto: Júnia Garrido/Campanha Fuad Noman

Reeleito prefeito de Belo Horizonte neste domingo (27), Fuad Noman lançou mão de diferentes estratégias políticas ao longo das semanas de campanha. Depois de começar a disputa como um candidato posicionado ao centro do espectro político e que fazia questão de afirmar não ter “padrinhos”, Fuad acenou ao eleitor de esquerda na reta final do primeiro turno. Na disputa direta com Bruno Engler (PL), porém, voltou a se colocar no centro e reforçou os planos de ser conhecido como um realizador de obras.

A busca pela pecha de candidato ao centro foi vista logo de cara, quando Fuad anunciou uma coligação que, além do PSD, tinha as participações de União Brasil, Solidariedade, PRD, Agir, Avante, PSDB e Cidadania. Antes de bater o martelo por Álvaro Damião como companheiro de chapa, o prefeito chegou a externar a aliados o desejo de ter uma mulher como vice.

A costura que levou à dobradinha com Damião, entretanto, garantiu, além do tempo de TV e dos recursos do União Brasil, a possibilidade de ter um candidato a vice com bom trânsito entre lideranças comunitárias de vilas e favelas — movimento importante para combater os efeitos de agendas feitas por Mauro Tramonte (Republicanos) e seu principal cabo eleitoral, o ex-prefeito Alexandre Kalil, nas áreas de periferia.

Nas últimas semanas de campanha, quando as pesquisas indicavam que Fuad, Tramonte e Engler eram os favoritos às duas vagas no segundo turno, o prefeito passou a reivindicar o apoio de setores à esquerda. Ganhou, inclusive, o endosso informal de alas do PV e do PCdoB, que estavam formalmente na coligação de Rogério Correia (PT). Mesmo interlocutores petistas, aliás, defendiam que o partido se aliasse ao PSD em BH.

De olho no voto do eleitor identificado com a esquerda, em entrevistas e debates, Fuad discursou sobre a intenção de representar pautas progressistas. Àquele momento, lideranças desse campo político defendiam o chamado “voto útil” no prefeito, a fim de evitar que Engler e Tramonte, dois nomes alinhados à direita, fizessem o segundo turno.

‘Volta’ ao centro e ‘não’ a Lula para o 2° turno

No segundo turno, Fuad voltou a se posicionar no centro do espectro político. Embora tenha o apreço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem possui boa relação, o prefeito não participou de agendas com o chefe do Executivo federal. 

Fuad chegou a solicitar o adiamento, para depois do segundo turno, de reuniões com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e com o ministro dos Transportes, Renan Filho. Embora Filho pertença ao MDB, a ideia de postergar os encontros estava amparada na ideia do prefeito de não dar a impressão de que as agendas tinham caráter eleitoral, associadas ao PT.

O “retorno” de Fuad ao centro fez com que ele intensificasse a aposta nas obras de infraestrutura urbana feitas por sua administração. A partir do início de setembro, a taxa de conhecimento do prefeito passou a subir, conforme mostravam as pesquisas. A reboque do aumento, cresceram as intenções de voto, que, segundo a Quaest Consultoria e Pesquisa, foram ampliadas em 11 pontos em um período de quinze dias — entre o fim de agosto e o início de setembro.

Sem padrinhos

Apesar da tentativa de não se associar ao PT, Fuad abriu uma exceção: mostrou, em seu um de seus programas eleitorais do segundo turno, uma mensagem da prefeita de Contagem, Marília Campos, que é filiada ao partido de Lula.

A todo o tempo, o prefeito buscou reafirmar a tese de que fez uma campanha sem padrinhos, enquanto Tramonte apostava em Kalil e no governador Romeu Zema (Novo)  — e Engler depositava fichas no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nos dias que antecederam à derradeira votação, Zema embarcou na campanha de Bruno Engler. O movimento não fez a campanha de Fuad mudar de rota, porque aliados do prefeito entendiam que o governador não é um bom transferidor de votos na capital mineira.

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