Tragédia de Mariana: “Esse acordo não é da União”, diz secretária de Zema

Desunião entre Governo Federal e os estados de Minas e Espírito Santo pode dificultar conversas com empresas
Rompimento da barragem de Mariana aconteceu em novembro de 2015
Tragédia de Mariana, em 2015, deixou 19 mortos. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Os posicionamentos divergentes de Minas Gerais, Espírito Santo e Governo Federal em relação à proposta das mineradoras Vale, BHP Billiton, e Samarco, pela repactuação dos danos do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, mostram que um acordo está longe de ser fechado.

A secretária de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Luísa Barreto, que participa das discussões desde 2019, elevou o tom contra a União que, junto ao estado capixaba, negou os valores sugeridos pelas mineradoras.

“Minas Gerais se surpreende com a posição da União porque temos que entender que o desastre aconteceu em Minas, as pessoas atingidas estão aqui no nosso território, os municípios que carecem de resposta são os municípios mineiros. Não cabe a quem fica em Brasília, longe do problema, falar que não há um caminho para resolução. Até porque esse acordo não é um acordo da União”, comentou.

Minas Gerais vê avanço

No início desta semana, as mineradoras fizeram uma proposta de R$ 127 bilhões. Esse valor inclui, além dos R$ 90 bilhões em novos aportes, mais R$ 37 bilhões que teriam sido investidos na reparação até março deste ano.

O Governo de Minas considera que houve evolução nas discussões técnicas. Porém, afirma que há necessidade de revisão. “O governo reconhece que esta proposta avança e, por isso, aceitou negociá-la. No entanto, há ajustes que precisam ser feitos”, comenta Luísa Barreto.

Para o Executivo Estadual, a reparação do desastre de Mariana só será possível com a “adoção de medidas para reparação às pessoas e aos municípios atingidos em prazo mais rápido, uma vez que a espera já se prolonga por nove anos”.

Condições inadmissíveis

A União e o Espírito Santo divulgaram uma nota conjunta negando a proposta das mineradoras. Entre os argumentos, afirmam que a oferta das mineradoras “não representa avanço em relação à proposta anterior, apresentada e discutida em dezembro de 2023”, além de conter “condições inadmissíveis” que desconsideram o que “já havia sido exaustivamente debatido e acordado” desde as tratativas anteriores.

Além disso, consideram que o aumento do valor ofertado pelas empresas foi feito em conjunto com uma redução drástica nas obrigações já assumidas.

Governo Federal ignora estados

O Governo de Minas Gerais foi pego de surpresa com o posicionamento contrário à proposta das mineradoras. As partes que sentam à mesa com as empresas, incluindo os estados e a União, receberam os valores há três semanas, e tentaram se reunir para discutir os próximos passos. Porém, segundo Luísa Barreto, o Governo Federal ignorou os pedidos de encontro.

“Desde o primeiro dia em que a proposta foi recebida, o governador Romeu Zema solicitou, junto com o governador Renato Casagrande, uma audiência com o ministro Rui Costa,  que foi escolhido para liderar essa questão em âmbito federal. A União tem se recusado a se sentar com os dois estados para fazer uma negociação estratégica desse tema, que é muito caro, muito importante para Minas Gerais. Nós precisamos dar uma solução para essa questão que já se arrasta há nove anos”, cobrou a secretária de planejamento.

Para Luísa Barreto, a estratégia do Governo Federal é prolongar as negociações. “Falar que a proposta é impensável é uma forma da União de protelar esse assunto”.

Leia também:

Justiça Eleitoral indefere registro de candidatura de ex-prefeito no interior de Minas

Nova ministra dos Direitos Humanos fez acordo com MP para não ser alvo de ação por superfaturamento de cadeiras escolares

Rogério Correia mira ‘ricos’ ao impulsionar campanha nas redes sociais

Acompanhe O Fator no Instagram

Veja os Stories em @OFatorOficial. Acesse