O Fator

Viagem de Bolsonaro a Israel servirá para sua fuga

Direita bolsonarista está em campanha internacional pela libertação prévia de Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro durante reunião com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em 2019.
Amizade de Bolsonaro e Bibi floresce com vários interesses comuns. Na imagem, reunião em 2019 em Israel. Foto: Alan Santos/PR

A defesa de Jair Bolsonaro pediu a Alexandre de Moraes autorização para ele viajar a Israel.

A informação foi publicada por Fabio Wajngarten, porta-voz do ex-presidente, nesta quinta (28).

Em 8 de fevereiro, Bolsonaro teve o passaporte apreendido pela Polícia Federal na Operação Tempus Veritatis.

Quatro dias depois, em plena segunda-feira de Carnaval, Bolsonaro se hospedou na embaixada da Hungria por duas noites.

Está claro que a viagem de Bolsonaro a Israel, se autorizada, servirá para sua fuga, mesmo que ele volte ao Brasil. Explico.

Antes de o New York Times revelar que Bolsonaro se hospedou na embaixada da Hungria, a direita bolsonarista já estava em plena campanha internacional para deslegitimar os processos judiciais contra o ex-presidente, e para retratá-lo como alvo de uma suposta perseguição.

Deputados bolsonaristas no Capitólio dos EUA
Foto: Zé Trovão/Instagram

Em 12 de março – ou seja, há apenas duas semanas – um grupo de deputados bolsonaristas esteve em Washington e realizou um pronunciamento do lado de fora do Capitólio liderado pelo deputado federal Chris Smith (Republicano-Nova Jersey).

Nesse pronunciamento, Eduardo Bolsonaro disse em inglês que “o Brasil infelizmente não é mais uma democracia”, e que “toda essa opressão e crueldade [das investigações] é apenas um passo em direção ao objetivo último: aprisionar o meu pai”.

Na semana seguinte, no Salão Verde da Câmara, o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) repetiu a ameaça: “O mundo saberá que o Brasil é uma ditadura”. Também relatou que os bolsonaristas já têm outras viagens marcadas depois dos Estados Unidos, “para o Parlamento Europeu, o tribunal de Haia”.

Nesta segunda-feira (25) – depois de ambos esses eventos – o New York Times publicou a reportagem mostrando a estadia de Bolsonaro na embaixada húngara.

Portanto, fica claro que, mesmo se Bolsonaro voltar de Israel, a viagem servirá para seu esforço público de se retratar como alvo de perseguição política, uma “caçada judicial”, exatamente como fez o presidente Lula antes de ser preso na Lava Jato. E quem sabe assim Bolsonaro conquista asilo diplomático em outra embaixada.

Israel Jair Bolsonaro Operação Tempus Veritatis
Encontro contou com a presença de dirigentes do partido e parlamentares do Congresso