MPF cita tragédia grega em despacho após Vale tentar impedir sepultamento de cacique em Brumadinho

Mineradora tentou impedir que líder indígena fosse enterrado em área disputada
O cacique Merong Kamakã Mongoió estava à frente da Retomada Kamakã Mongoió no Vale do Córrego de Areias em Brumadinho
O cacique Merong Kamakã Mongoió estava à frente da Retomada Kamakã Mongoió no Vale do Córrego de Areias em Brumadinho / Divulgação/Alenice Baeta

O pedido da Vale para tentar impedir o sepultamento do cacique Merong Kamakã Mongoió dentro do território que ele ocupava – uma fazenda comprada pela mineradora em 2020 para compensação ambiental, em Brumadinho (MG) – gerou revolta nos indígenas e apoiadores de movimentos sociais.  

No embargo de declaração que fez a decisão judicial, o procurador Hélder Magno da Silva fez uma alusão à tragédia grega “Antígona”, escrita por Sófocles. Para o procurador, a mineradora fez o papel de Creonte, ao tentar impedir o sepultamento.

Rei de Tebas, Creonte era conhecido pela autoridade e rigidez e emitiu um decreto proibindo o sepultamento do corpo de Polinices, irmão de Antígona, que morreu lutando contra Tebas em uma guerra civil.
 
“Que ninguém o guardasse em cova nem o pranteasse, abandonado sem lágrimas, sem exéquias, doce tesouro de aves, que o espreitam famintas”, citou o procurador no embargo de declaração.

O desejo da Vale, contudo, não foi realizado. Os indígenas enterraram o cacique durante a madrugada, antes da chegada do oficial de justiça.

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