No STF, AGU defende que Minas volte a pagar dívida com o governo federal

Em manifestação, União diz que retomada dos pagamentos representa ‘isonomia com outros entes federativos’
O Advogado-Geral da União, Jorge Messias, afirmou que "o ajuizamento de ações pelos entes municipais no exterior configura nítida usurpação da competência constitucional da União para representar o Estado Brasileiro no plano internacional". Foto: Divulgação
O Advogado-Geral da União, Jorge Messias, afirmou que "o ajuizamento de ações pelos entes municipais no exterior configura nítida usurpação da competência constitucional da União para representar o Estado Brasileiro no plano internacional". Foto: Daniel Estevão/AscmAGU

A Advocacia-Geral da União (AGU) defendeu, nesta sexta-feira (12), em petição enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que Minas Gerais volte a pagar a dívida de cerca de R$ 165 bilhões contraída junto à União. A manifestação da União foi feita no âmbito do pedido da Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais (AGE) pela extensão da liminar que suspende os pagamentos das parcelas do débito.

A medida cautelar vence no próximo dia 20. O governo de Minas defende a prorrogação desse prazo até a regulamentação do programa definitivo de renegociação das dívidas estaduais ou, no mínimo, até 28 de agosto de 2024, data marcada para a continuidade da votação do caso no STF.

Para a AGU, a extensão da validade da liminar deve estar condicionada ao cumprimento, por parte de Minas, das contrapartidas impostas pelo Regime de Recuperação Fiscal (RRF) — o que, conforme o governo federal, não aconteceu. Ainda segundo a AGU, o alongamento do debate sobre a dívida, sem que haja uma amortização do valor, piora a situação fiscal do estado.

“Seja formalmente nestes autos judiciais, seja em pronunciamentos extra autos, a posição da União sempre foi a de necessidade de retomada de pagamento da dívida por Minas Gerais, até por uma isonomia com outros entes federativos”, lê-se em trecho da manifestação.

A posição da AGU foi enviada ao STF após o ministro Edson Fachin, no âmbito da prorrogação pedida por Minas, dar 72 horas para o governo federal se manifestar.

“Conclui-se a presente petição ressaltando a confiança na prudência e na atuação institucional do Parlamento na discussão de eventual projeto de lei que revisite regras de endividamento atinentes ao pacto federativo, (vide o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) ou uma nova versão que surja das negociações no âmbito do Ministério da Fazenda)”, aponta a AGU, citando o projeto apresentado pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a renegociação das dívidas das unidades federativas.

Estado com RRF ‘paralisado’

Os projetos que autorizam Minas a aderir ao Regime de Recuperação Fiscal foram enviados à Assembleia em 2019, mas tramitam em marcha lenta desde então, porque parte dos deputados receia prejuízos ao funcionalismo e desinvestimentos em políticas públicas. Segundo a AGU, o estado está “indefinidamente paralisado no primeiro estágio do Regime de Recuperação Fiscal”. No mesmo trecho, o advogado-geral Jorge Messias diz que, nessa etapa do RRF, “há apenas benesses, sem nenhuma contrapartida”.

A possibilidade de o STF não estender a liminar fez, inclusive, com que o RRF entrasse na pauta de votações do plenário da Assembleia. Uma sessão para analisar o tema foi marcada para segunda-feira (15). O encontro só será cancelado se, até lá, o Supremo expedir decisão ampliando o tempo de carência da dívida bilionária. Os projetos estão prontos para votação em 1° turno.

Com a data de 20 de julho batendo à porta, desde o início da semana a equipe do governador Romeu Zema (Novo) se movimenta para tentar a aprovação do RRF. As articulações contam, inclusive, com ligações a deputados. Nas contas do Palácio Tiradentes, sem a liminar, será preciso desembolsar, quase que instantaneamente, cerca de R$ 6 bilhões.

Leia também:

Tadeuzinho convoca ex-presidente da Assembleia de Minas para assumir mandato

Após Zema dizer que Propag foi ‘mutilado’, líder do governo na ALMG chama nova lei de ‘conquista’

As opiniões dos presidentes de PT e Novo em Minas sobre o embate entre Haddad e Zema

Veja os Stories em @OFatorOficial. Acesse