Eleições: quem tem padrinho, às vezes morre pagão

Há candidatos que só existem por um padrinho político, uma celebridade eleitoral
Foto mostra urnas eletrônicas
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em toda eleição, há candidatos e… candidatos! Gente séria e fanfarrões; gente com capacidade e completos neófitos; gente honesta e aproveitadores. Há, principalmente, pessoas verdadeiramente bem-intencionadas, cujo propósito legítimo é o de servir. Infelizmente, contudo, há muita gente que é o oposto disso. 

Eleições sempre foram palco, também, para extravagâncias, revoltas, circos e palhaços. Já tivemos o rinoceronte Cacareco, em São Paulo. O macaco Tião, no Rio. Levy Fidelix, no plano federal – em pele, osso e estupidez. O “meu nome é Enéas”. E até um palhaço profissional, o Tiririca, que mostrou que, sim, “pior do que está, fica”.

E nem vou citar a nova “estrela decadente” do momento, Pablo Marçal, mais próximo a Lamarçal. O tema desta coluna são candidatos “dependentes”. Aqueles que só existem por um padrinho político, uma celebridade eleitoral. Às vezes, curiosamente, se tornam maiores que suas muletas originárias.

Nomes aos bois

Vejam o caso de Bruno Engler, deputado estadual e candidato à Prefeitura de Belo Horizonte pelo Partido Liberal. O rapaz é simplesmente inexpressivo sem Jair Bolsonaro e outros quadros relevantes do bolsonarismo. Aliás, no sentido que me referi acima – se tornar maior que o padrinho -, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) é um exemplo.

Ele e também o senador Cleitinho (Republicanos), hoje, são completamente independentes de Jair Bolsonaro ou de qualquer outro político popular. Ambos são muito maiores, talvez. Bolsonaro é quem perderia opondo-se a estes dois parlamentares de TikTok. Aliás, a treta em São Paulo, pelo apoio ou a Nunes ou a Marçal, ilustra bem o que digo.

Em Contagem, na região metropolitana de BH, temos outro exemplo. A atual prefeita Marília Campos (PT), candidata à reeleição, vem desprezando a ausência do presidente Lula em sua campanha. O motivo é simples. Na cidade, Marília tem mais popularidade e força política que o próprio chefão do PT. Além, é claro, do fator “antipetismo”.

Vida própria

Lula poderia mais retirar do que trazer votos à prefeita. Ela já adquiriu estatura e vida próprias. Já seu colega de partido, o deputado federal Rogério Correia, candidato em Belo Horizonte, precisa do apoio de Lula como as plantas precisam de água. Como Bruno Engler, seu polo oposto, é inexpressivo, eleitoralmente, sem um padrinho para chamar de seu.

Outros candidatos, erroneamente, buscam estes padrinhos/muletas por cálculo eleitoral. É o caso de Mauro Tramonte, também deputado estadual e candidato à PBH pelo Republicanos. Mauro é um popular apresentador de TV e lidera atualmente as pesquisas de opinião. Mesmo assim, resolveu atrair o ex-prefeito Alexandre Kalil para sua candidatura.

Segundo recente pesquisa O Fator/Ver, o ex-prefeito de Belo Horizonte “nem fede nem cheira”, eleitoralmente falando. Kalil poderia atrair 30% do eleitorado, mas outros 30% o rejeitam, bem como 37% “não estão nem aí” para seu apoio. No caso, ao invés de funcionar como balão, Kalil pode pesar como âncora na campanha de Tramonte.

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