‘Pente-fino’ na Codemge evidenciou irregularidades na estatal

Investigação interna detectou suspeitas de corrupção na antiga gestão da estatal mineira
A FTI apurou e destacou indícios de irregularidades também em outros ativos e projetos da Codemge entre 2015 e 2018
Auditoria apurou indícios de irregularidades em ativos e projetos da Codemge entre 2015 e 2018 (Foto: Divulgação/ALMG)

Um “pente-fino” realizado pela empresa de auditoria FTI na Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), em ativos adquiridos entre 2015 e 2018, tem impressionado muitos interlocutores do Ministério Público, Assembleia e Poder Judiciário. Um dos casos mais comentados é o projeto MG Grafeno, desenvolvido em parceria com a UFMG e tocado pela Fundação de Apoio (Fundep), que, suspeita-se, pode ter servido como epicentro de um complexo esquema de corrupção que, nas contas de uma investigação interna, ultrapassaria a marca de R$ 40 milhões.

Durante a auditoria, técnicos da FTI identificaram que o coordenador do MG Grafeno contratou, sem realizar qualquer licitação ou processo seletivo, uma empresa para atuar no projeto, recebendo R$ 1,5 milhão, porém sem comprovação dos serviços prestados. Pior: uma das firmas envolvidas na contratação não apresentava endereço fixo e encontrava-se registrada em um “coworking” na região da Pampulha, em Belo Horizonte.

SUSPEITAS

O processo de contratação, realizado através de inexigibilidade de licitação, levantou suspeita de ter sido criado para dificultar possível fiscalização dos órgãos de controle. Diante das dificuldades da Fundep na prestação de contas e da ausência de documentos fundamentais, a Codemge optou pela contratação de uma auditoria.

Em junho de 2022, o diretor de Participações da Codemge, Eduardo Martins, chegou a ilustrar a suspeita do caso a deputados da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). À época, as auditorias estavam em processo de conclusão.

OUVIDO EM COMISSÃO

“A Fundep fez uma contratação, sem licitação, de um instituto e efetuou pagamento de 1,5 milhão de reais, tendo esse instituto, como sócio, um dos coordenadores do projeto em outra empresa”. E mais: “contratar sem processo competitivo, sem demonstrar porque escolheu essa empresa, fica muito difícil justificar isso”. Continuou: “há também registro de pagamentos de R$ 400 mil pra essa mesma empresa, que é fundada por ex-bolsistas do projeto, e aqui não se sabe que tipo de relação existia, mas é necessário algum tipo de processo de apuração pra entendermos como isso foi feito”, afirmou ao final.

A mesma FTI apurou e apontou indícios de irregularidades também em outros ativos e projetos da Codemge entre 2015 e 2018. Os achados foram encaminhados ao Ministério Público, que já instaurou novas investigações.

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